A cinquentona ditadura

Dizem as manchetes da imprensa livre que a ditadura brasileira faz cinquenta anos neste 31 de março.

Eu acho que, pelo andar da carruagem que substituiu o tanque, fará muitos mais…

Isso sem contar as ditaduras anteriores, de terno ou de farda, que a história tupiniquim revela, somando-se àquelas que nossos avós contavam, acrescidas daquelas que nossos pais octogenários falavam.

Ainda agora, vestida de casaco ou blazer por cima da saia, comandante suprema das forças armadas, a ditadura à brasileira me confunde e me faz pensar se opressão popular é algo civil ou militar…

Se tão comentada ditadura é a supressão da liberdade, acho que ela está mais forte do que nunca, porque nada me priva mais do sossego de estar em casa e do prazer de ir e vir do que  a constatação de que os criminosos nunca estiveram tão à solta e tão à vontade.

Lei é o que mais cerceia a liberdade individual; mesmo assim, ninguém de mente sã se atreve a imaginar uma sociedade sem regras.

Dependendo do grau do altruísmo individual, resigna-se mais ou menos com a imposição ‘ditatorial’ das normas que controlam o coletivo de homens e preservam a sua subsistência.

E por essa preservação é preciso que o sentido de liberdade essencial e o de privação do supérfluo encontrem o equilíbrio e convivam em paz e harmonia.

Quanto à tortura, há muitas formas de praticá-la.

Mal a vemos quando quase perdemos a esperança ao deixar nossos bebês e idosos esperando horas no corredor dos hospitais para serem atendidos ali mesmo; quando esperamos na fila da maldita escola pública e na fila do emprego de gari, tão mal pago; quando temos carro e ficamos presos no trânsito respirando gás carbônico ‘proibido’; quando nos amontoamos no metrô e no ônibus pensando no tarado despertado pelo sufoco…

Dilma, que tem se revelado cada vez mais o gênio que nunca deveria ter saído da garrafa do Lula, é a presidente civil que comanda as forças armadas.

Isso faz dela um general e, do nosso, um regime militar?

Os brasileiros patriotas hoje estão pedindo a volta da decência ao governo e aos politicos, não importa se ela venha de saia, terno ou farda. Não é essa a diferença.

Querem menos roubo e violência e mais educação e saúde, e a liberdade de ser dignos e, por isso, muitos estão sendo presos e apanhando, como se a sua vida ordinária já não fosse uma tortura.

Apesar da decepção popular notória, a estratégia prevalecente dos politicos em geral ainda é gastar a primeira parte de seu mandato tentando enriquecer com todo tipo de conluio, e passar a segunda parte mentindo e conchavando pra se reeleger.

Sabem que as moscas estão sempre mudando, porque têm vida breve e memória mais curta ainda, então mantém o status quo.

À presidente – e ao seu neurônio – sem muito talento pra tanta diplomacia, só restou ficar perdida e pê da vida (pra usar um termo seu).

Nem me refiro mais à incompetência da estadista – orgulho ufanista que um dia tivera! – mas à capacidade da gerente, da delegada, da bombeiro, da médica, da professora, e da habilidade de avaliar a tolerância do homem simples, mas de bem…