Conta a história que o bispo Dom Pedro Fernandes Sardinha, o primeiro bispo do Brasil, foi devorado pelos índios que tentava civilizar.
Aparentemente, mesmo depois de quase cinco séculos de evolução provocada pelo convívio com outras civilizações, ainda temos nossas recaídas…
Admiramos muito as maravilhas do mundo mais civilizado que vimos lá fora, mas ainda resistimos a abrir mão do nosso jeitinho malandro de levar a vida em casa.
Queremos aprender na escola e ficar mais espertos, mas estudar pra tirar boa nota nas provas e evitar a reprovação, “não sei se vai dar, não!”
Achamos que o esforço de se educar – ou de se tornar um povo melhor – não se motiva pela possibilidade de nada aprender, de falhar, de perder, de não “chegar lá”, de ser, enfim, punido de alguma forma.
Povo “legal” não precisa de leis – e muito menos de punição! – mas isso só existiu no Jardim do Éden, onde tudo era permitido, e todo mundo sabe no que deu.
Sabemos que a norma social deve inibir os maleáveis conscientes e punir os desinibidos, sob pena de total ineficácia, e queremos que assim seja.
Mas ainda ficamos em dúvida se pagamos a conta do jantar ou se pedimos mais um café de graça, enquanto a fila espera a mesa…
Atrás de um volante nos tornamos poderosos e inimputáveis, apesar de saber que estamos entre aqueles que mais matam com suas “máquinas quentes”, como cantava o Roberto Carlos, e de que – salvo a parca informação e a localização “camuflada” – placas, radares e multas de trânsito são partes inseparáveis e imprescindíveis na “catequização” do motorista…
Num país onde a cumplicidade entre os malfeitores é muito mais eficiente – e de melhor eficácia, haja vista a filantropia financeira via Internet – do que a solidariedade entre as pessoas de bem, não ignoramos que a esperança apenas – educacional ou qualquer outra – além de acalmar a angústia de quem espera, quase sempre nada mais alcança…
É preciso que todos nós – que “não sabíamos” – comecemos a sabê-lo, porque existe, sim, muito pecado abaixo do Equador, e se fingir de santo não canoniza ninguém!
Este domingo é o dia da Páscoa, do hebraico Pessach.
É o dia da passagem, em que os judeus comemoram a libertação e a fuga de seu povo escravizado no Egito, em busca da Terra Prometida.
E os cristãos celebram a ressureição de Jesus Cristo, morto por crucificação três dias antes, e a sua divina passagem para junto do Pai.
Que esta Páscoa nos faça passar a usar o exemplo daqueles que sempre procuraram buscar a terra prometida – bem como o sacrifício e a volta triunfal de Cristo! – induzindo-nos a ressuscitar a virtude nesse nosso Monte Pascoal, nem que seja bem depois do terceiro dia de sua morte…
Feliz Páscoa e boa catequese aos tupiniquins, tupinambás e caetés de boa vontade que ainda existem em todos nós!