LUTO – LEGADO DA COPA

Foi a maior goleada em uma semifinal em vinte edições de Copa do Mundo. A
derrota por 7 x 1 para a seleção da Alemanha foi a maior sofrida pela
seleção brasileira em seus 100 anos de história. Fora de campo, foi o mais
duro golpe no plano de Dilma Rousseff de transformar a competição numa
importante bandeira da campanha à reeleição. Com os dados negativos na
economia, como a previsão de nova goleada da inflação (6% ao ano) sobre o
crescimento econômico (1% ao ano), a presidente apostava no sucesso do
Brasil no torneio para neutralizar o clima de mau humor da população e
crescer nas pesquisas de intenção de voto. Durante três semanas, esse plano
deu certo. Depois das vergonhosas derrotas por goleada para Alemanha e
Holanda surgiu a sensação de ressaca aos brasileiros, atrapalhando assim o
projeto de poder do PT, revertendo uma sonhada perspectiva de lucro num
temor real de prejuízo eleitoral. Muito se falou do legado que a organização
de uma Copa do Mundo traria, podemos enumerar: Segundo o balanço oficial do
governo foram gastos R$ 25,6 bilhões em obras entre estádios e
infra-estrutura. Deste valor cerca de 85% saíram dos cofres públicos. O
orçamento de 2014 previsto para o Ministério da Educação é R$ 42,2 bilhões,
para o de Desenvolvimento Social é de R$ 31,7 bilhões e para o de Ciência,
Tecnologia e Inovação é de R$ 6,8 bilhões. Como um governo que se diz sério
pode gastar com um torneio particular de futebol 60% do que gastará com a
Educação da população, 80% do que gastará com Desenvolvimento Social e 3,5
vezes mais do que gastará com Tecnologia e Inovação. O Brasil deixou de
arrecadar R$ 1 bilhão em impostos durante a preparação para a Copa do Mundo
2014. O montante está ligado às isenções fiscais que o país concedeu à Fifa,
seus parceiros comerciais e à construção dos estádios da competição. A lei
que previa isenções fiscais foi assinada em 2010 por Lula. Também temos
quase todas melhorias de infra estrutura inacabadas … uma vergonha
mundial. Quando o governo diz que os aeroportos passaram no teste mesmo
improvisados e inacabados, somente tiveram êxito por não ocorrer as 6
milhões de viagens previstas, apenas um terço delas. Outra questão é que
nunca uma sede de Copa trouxe a lume um relato confiável dos lucros
auferidos ao longo do evento. A arrecadação quase nunca representa melhora
de atendimento em hospitais, educação, redução significativa de índices de
violência. Na verdade o contribuinte pagará o banquete em que se
refestelarão os barões do marketing esportivo, dos meios eletrônicos de
comunicação de massas. Como um governo que se diz sério pode crer que fez um
bem ao Brasil? O verdadeiro legado é o povo acordado e respondendo nas urnas
em outubro.