Recebi alguns comentários interessantes após a publicação de “Ter carro é brega”. Isso me faz continuar no assunto. Falávamos sobre mobilidade urbana e sobre a vida difícil em todas as cidades brasileiras. Todas congestionadas. Todas com excesso de veículos egoístas. O carro é um veículo egoísta. Procure prestar atenção nas ruas e estradas: o maior número de motoristas está sozinho ao volante. A cada passageiro, um carro. É por isso que o mundo não aguenta mais.
Todavia, o homem ainda é inteligente. Embora não pareça. E além do “Uber“, aplicativo sobre o qual fiz comentário no artigo passado, existe um outro já em uso nos Estados Unidos e que, não demora muito, chegará aqui. Chama-se “Lyft“, um primo hippie do “Uber“. É um outro tipo de carona profissionalizada. Você quer ir para algum lugar? O “Lyft” mostra os motoristas da região que cobram para dar carona. É uma condução paga, com um plus: incentiva-se o “carona” a se sentar no banco da frente e a interagir com o motorista. Funciona como verdadeira rede social viva no trânsito. Dá para fazer novas amizades e também para paquerar…
São novos tempos, gerados pela intolerável tragédia de permanecer por horas a fio no trânsito. Além do tempo realmente perdido, estimula-se a mentira: as pessoas já saem atrasadas e culpam o trânsito quando chegam além do que seria razoável ao trabalho ou a outros compromissos.
A criatividade gerou algo ainda mais radical nos Estados Unidos. Chama-se “auto share” e permite a qualquer usuário de celular colocar seu carro para alugar, como se fosse integrante de uma rede “rent a car“. O aplicativo destrava a porta do carro e dá a partida, mediante uso do celular. Há carros que ficam parados enquanto o seu dono trabalha. Por que não fazê-lo circular e ainda ganhar um dinheirinho?
É preciso ser civilizado para fazer funcionar um projeto assim. O interessado pega o veículo, paga o preço estipulado, tudo mediante uso do cartão. Todos os usuários são certificados pela operadora, o que evita roubos. O carro parado é fonte de renda. É claro que haverá resistência. Mas a ousadia é uma boa receita em tempos de crise. O que parece tragédia pode até fazer sorrir. Vamos ver o que acontece.