OLIMPÍADAS E BAIA DA GUANABARA

O subproduto da fotossíntese é o oxigênio. Os campeões de liberação de
oxigênio são as florestas plantadas de eucaliptos e a cana-de-açúcar. Já nas
florestas maduras, com ecossistemas estabilizados, o balanço energético
tende a zero. Por essa razão, sabe-se que as velhas florestas, incluindo a
Amazônica, não funcionam como “pulmão” do mundo, que na verdade são os
oceanos, com as algas e plânctons. Já se foram 207 anos da chegada ao Rio de
um governo que fingiu acabar com a imprudência ambiental. A transferência da
corte, com o governo de D. João VI, pegou em cheio o processo de
desmatamento deflagrado pelo café a partir de 1780, conta José Augusto
Drummond no livro “Devastação e Preservação Ambiental no Rio de Janeiro”. Os
pioneiros dos cafezais cariocas eram, “empreendedores e otimistas”, no
sentido mais brasileiro dessas duas virtudes cívicas. Eles acreditavam que
“a paisagem fluminense era abençoada por uma abundância infinita” e que “as
terras florestadas não se esgotariam jamais”. Fizeram fortunas garimpando
essa ilusão, até esgotá-la. Em menos de 70 anos, falidos como cafeicultores,
estavam produzindo falta d’água numa Baía de Guanabara que chamara a atenção
dos primeiros europeus em 1502 pela fartura e pela qualidade de suas fontes.
O Rio enfrentou duras secas em 1824, 1829, 1833 e 1844. Mas é só a partir de
1872 cortaria o problema pela raiz, reflorestando parcialmente a serra da
Tijuca, quando a cidade já estava estrangulada pela explosão demográfica. O
Rio tinha então 275 mil habitantes. Três vezes mais do que à vésperas da
Independência. Enquanto morou em São Cristóvão, D. João limitou-se à mímica
das providências oficiais contra a sede dos cariocas. Proibiu o corte de
árvores em mananciais e beiras de riachos. Mandou avaliar terras
particulares para transformá-las em unidades de conservação. Criou, pelo
menos no papel, reservas florestais. Tudo, sem tirar nem pôr, como o governo
faz agora, achando que as coisas acontecem pela primeira vez na história do
Brasil. Agora vem as perguntas. Como alguém pode crer que poderíamos
despoluir a baia da Guanabara para as Olimpíadas 2016? Nesse momento,
faltando pouco mais de um ano para o início da maior competição esportiva do
planeta, qual o exemplo ficará para o mundo? Além da poluição, e a segurança
pública? Veremos o resultado e o legado de mais uma aventura infame proposta
por Lula.