A vida é muito breve. E frágil. É uma corrida cujo termo final é a morte. Ela chega para todos. Às vezes avisa. Muitas outras vezes não. E se o encontro com ela é inevitável, o que fazer nesse intervalo entre o nascimento e a partida?
A vocação humana é ser feliz. A despeito de todas as dificuldades. Estas existem e não por outra razão já se chamou a vida de “vale de lágrimas”. Mas, como diz Ignácio de Loyola Brandão, “se tiver de chorar, que seja de alegria”.
E há alegrias na vida. Contemplar a alvorada. Ouvir os pássaros. Ver as árvores florescerem, apesar dos maus tratos que todos – sem exceção – infligimos à natureza. Sentir a mão de uma criança apertar a sua, na confiança de que ao segurá-la, estará protegida.
Ouvir boa música. Ir ao teatro. Assistir a um bom filme. Ler e penetrar nas mentes alheias, pois todo livro tem o DNA de quem o escreveu, ainda que o autor queira disfarçar.
Conversar. Como é bom ouvir. Como é gostoso ter ouvidos dispostos a ouvi-lo. Abraçar. Sentir o calor humano. Inebriar-se com partículas de emoção colhidas ao acaso. Olhar a multidão e tentar imaginar os seus sonhos, as suas expectativas, as suas esperanças e também suas decepções e frustrações.
Frustração é um componente diuturno de qualquer jornada. Com as pessoas, aquelas nas quais confiamos e elas nos desiludem. Não é preciso desistir de imediato e passar a descrer da humanidade. Às vezes vale a pena insistir. Renovar propósitos. Pedir perdão. Renovar promessas, desde que nos consideremos aptos a cumpri-las.
Todavia, se não houver receptividade do outro, continuar a viver. De cabeça erguida e com a página virada, prontos para enfrentar novos encontros. Confiar Naquele que não permite que uma folha caia da árvore, nem um fio de cabelo se perca, sem que Ele esteja atento ao que ocorre neste maravilhoso universo, para o qual fomos predestinados com a missão de sermos agradáveis, fazermos a diferença para melhor em nosso convívio e sempre com a certeza de que somos irrepetíveis, únicos, detentores de uma filiação divina e vocacionados a vivermos aquilo que pode ser traduzido pela humana felicidade.
Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 18/12/2016
JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.