O ano de 2012 é pródigo em centenários. Nelson Rodrigues, Jorge Amado e Luiz Gonzaga. O compositor de “Asa Branca”, legenda nordestina, nasceu em 13.12.1912, na Fazenda Caiçara, em Exu, Pernambuco. O nome era uma tríplice homenagem; a Santa Luzia, a São Luiz Gonzaga e o sobrenome Nascimento atribuído por nascer no mesmo mês em que Jesus veio ao mundo.
Comprou sua primeira sanfona aos 13 anos, vai servir o Exército em Fortaleza, por não conhecer a escala musical é reprovado em concurso para músico em uma unidade do Exército em Minas. Vira tambor-corneteiro e ganha o apelido de “Bico de Aço” em 1933. Passou a compor e teve 275 parceiros letristas e compositores em 833 faixas de disco. Em 1944 ganha o apelido “Lua”, invenção de Dino 7 Cordas em razão do rosto arredondado e divulgado por Paulo Gracindo na Rádio Nacional.
Em 1947 grava “Asa Branca”, e adota o chapéu de couro semelhante ao usado por Lampião. Em 1951 é consagrado como o “Rei do Baião” e em 1954 conhece Neném, mais tarde Dominguinhos, com 14 anos, em Garanhuns. Em 1980 canta para o Papa João Paulo II em Fortaleza e em 1982 em Paris, se apresenta na casa de espetáculos Bobino. Passa a assinar seus discos como “Gonzagão”.
Morreu em 2 de agosto de 1989, no Recife. Hoje há um museu de Luiz Gonzaga em Exu, no Pernambuco, onde em 1964 adquiriu terrenos para construir o Parque “Asa Branca”. Câmara Cascudo, historiador e folclorista, disse de Luiz Gonzaga: “Ele próprio é a fonte, cabeceira e nascente de suas criações. O sertão é ele. A paisagem pernambucana, águas, matos, caminhos, silêncio, gente viva e morta.
Tempos idos nas povoações sentimentais voltam a viver, cantar e sofrer quando ele põe os dedos no teclado da sanfona. Luiz Gonzaga presta-nos uma colaboração viva, pessoal, humana”. E o próprio Luiz Gonzaga narra sua origem: “Fui um moleque feliz. No sertão, todo moleque que não vive no domínio de senhores perversos é feliz.
Tem suas compensações, a pobreza. A liberdade ampla, a natureza imensa a sugerir uma grandeza que está longe de atingir”. Não é possível esquecer quem acalentou com seus xotes e baiões tanta criança ou adulto, com coração de criança em todos os rincões deste Brasil.