Não obstante sermos um País de renda média, temos ainda cerca de quarenta milhões de pessoas que vivem na pobreza, com um nível de renda abaixo da linha de pobreza absoluta. Em contraste, temos, todavia, que apenas com um pouco mais de um 1,0 % da população rica , detendo quase 50 % da renda nacional.
Um quadro que em muito dificulta a implementação de um crescimento econômico harmônico no País, considerando que essa péssima distribuição de renda ocorre, concomitantemente, entre as regiões físiográficas nacionais.
Há séculos que o Brasil depende da poupança externa, nas condições de financiamentos e, principalmente, de investimentos diretos – (instalações de empresas multinacionais, aquisições de empresas fusões, reinvestimentos de lucros pagos no País), para complementar a poupança interna e suprir as deficiências estruturais em nossa capacidade de produzir riquezas e geração de empregos.
É, todavia, preocupante, diante dessa realidade, que o Brasil tenha recebido 17 % a menos dessa poupança externa em 2023, comparativamente com o ano anterior, ou seja, US$ 62 bilhões. É certo que temos um cenário global instável, o que afeta as decisões de investimentos empresariais.
Segundo dados da UNCTAD – Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, os investimentos diretos, ainda assim, cresceram 3,0 % em 2023, atingindo a cifra de US$ 1,37 trilhão. Um valor robusto que, entretanto, revela apenas uma face da moeda. Pois, o vigor é menor em algumas regiões como na União Europeia, com recuo de 23 % e, em países em desenvolvimento, que sofreram queda de 9,0 % nos investimentos recebidos.
O pragmatismo governamental é de suma importância na atração de investimentos externos : – acordos comerciais; o estabelecimento de mercados de livre comércio entre países e blocos econômicos, são pilares fundamentais nesse processo. Sabemos de antemão, que a disputa internacional para atrair investimentos diretos, é muito grande e ações subjacentes são feitas dinamicamente em todo o tempo e oportunidades.
Nessa etapa atual , temos um cenário internacional com as duas maiores economias do mundo, no qual verificamos um menor aporte de investimentos na China e, um esforço concentrado dos Estados Unidos, na busca de uma recuperação industrial, no qual, os investimentos são priorizados.
O Brasil tem o desafio da simplificação e desoneração tributária e a relevância como País líder em economia verde, para atrair investimentos externos. Precisamos, entretanto, termos um planejamento estratégico para tal.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas.