A INSUSTENTÁVEL DÍVIDA INTERNA

Do ponto de vista pessoal, a vida de cada um é feita de escolhas e, a partir daí, a relação custo-benefício das escolhas que fizermos.

Do ponto de vista de Governo de um País, diferentemente, questões fundamentais exigem ações permanentes de construções e aperfeiçoamentos, próprios das dinâmicas socioeconômicas.

O Brasil, neste ano, vem obtendo resultados positivos, como o crescimento econômico do segundo trimestre em que o PIB – Produto Interno Bruto cresceu 1,4 %; já havia crescido 0,8 % no primeiro trimestre e, estes números projetam um crescimento para este ano, próximo de 3,0 %. Um bom desempenho; a inflação, graças ao brilhante trabalho do Banco Central, deverá ficar dentro da meta de 4,5 % neste ano; a geração de empregos formais deverá também ter um bom resultado, com cerca de dois milhões de novos trabalhadores no mercado; a política social vem sendo ampliada e a renda média dos trabalhadores, experimentando um razoável aumento; nas contas externas, estamos evoluindo em nossas transações comerciais com o resto do mundo e deveremos obter um superávit na Balança Comercial, próximo de US$ 80 bilhões.

Temos, todavia, resultados negativos, que impactam a vida socioeconômica do Brasil, vejamos: Permanecem as deficiências na saúde pública e na educação básica, áreas fundamentais para todos os países do mundo. No saneamento básico, não obstante, “o marco do saneamento básico”, de 2020, que previu, para 2033, a universalização desses serviços, estamos evoluindo aquém do necessário; a poupança interna, quase não avança; ficaremos com cerca de 17,0 % do PIB – Produto Interno Bruto e os investimentos em nossa economia, Público e Privado, deverão ficar um torno de 16,5 %, quando o necessário seria de 25,0 %, para recuperarmos a logística nacional, deficitária em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, além da infraestrutura e modernização do Parque Produtivo Nacional.

É necessário ressaltar a insustentável Política Econômica do Governo. Os números são realmente preocupantes: o déficit primário (sem os juros sobre a dívida interna do Setor Público), que ficou em R$ 274 bilhões em 2023; em doze meses (de agosto de 2023 a julho de 2024) fechou com um déficit de R$ 257,7 bilhões, sem os juros e, com eles, em 1,128 trilhões, o que representa, aproximadamente, R$ , 10,0 % do PIB – Produto Interno Bruto. Esse déficit vai se somar à dívida interna atual de cerca de R$ 8,5 trilhões, ou seja, de 78,5 % do PIB. Quanto maior a dívida, menor a possibilidade de redução dos juros básicos da economia. A Selic, atualmente, em 10,5 % ao ano.

Não são poucos os desafios para a nossa economia. De acordo com a concepção governamental, seus gastos crescem insustentavelmente e, ao contrário, precisamos de uma rígida disciplina fiscal do Governo, não olhando apenas para o curto prazo, mas para o médio e longo prazos para que, criemos condições de crescimentos econômicos sustentáveis e, isso só será possível, com superávits primários no Orçamento Público.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas.