Um dos raros consensos no Brasil do dissenso é a falência da educação. Por mais que se destine verba considerável para a formação das atuais e futuras gerações, a República parece claudicar em todos os níveis. O retrocesso é evidente. Há algumas décadas, a escola pública era tão boa que os menos aplicados procuravam a escola particular. Hoje, só fica no ensino público aquele cujos responsáveis não conseguem arcar com os crescentes custos de uma escola considerada boa.
O fenômeno é muito mais grave do que possa parecer. Não é apenas falta de metas e objetivos. O que visa uma boa escola? Fazer o aluno decorar informações e responder como papagaio às indagações? Ou uma educação integral cuidaria de formar pessoas felizes e capazes de um desempenho ideal em sua existência, tanto no aspecto emocional, familiar, social e profissional?
A escola é maçante. O aluno não gosta dela. Os professores estão desanimados. Já não têm paixão, ao menos em sua maioria, como eram idealistas e entusiastas os educadores de outrora. Pior ainda, os pais não se interessam pela educação de seus filhos. Parecem acreditar que o governo é que deve zelar pelo seu bom comportamento e pelo seu sucesso. Mas é no lar, na mãe educadora, no pai disciplinador, que tudo começa.
A Coreia passou por conflitos sérios e deu a volta por cima porque levou a sério um projeto consistente de revolução educacional. A China também. E tantos outros países.
Não é falta de dinheiro. É falta de projeto. É ausência de originalidade. No entanto, há modelos que poderiam ser copiados, como o da Universidade Minerva, em São Francisco. Ela não tem salas de aula, nem biblioteca. As aulas são on-line, por meio de plataforma exclusiva, com horário marcado e professor em tempo real. Professor que não é um replicador de textos, mas um animador, um coordenador dos debates. Ao menos duas vezes por encontro, os alunos têm de expor suas ideias.
O neurocientista Stephen Kosslyn, um dos diretores, resume o objetivo do projeto: “A ideia é desenvolver a capacidade de pensar criativamente, criticamente e de se comunicar de maneira efetiva”. Enquanto isso, temos muitos analfabetos funcionais recebendo diploma nas várias graduações universitárias. Que tal acordar para as urgências do mundo?