As primeiras madrugadas frias chegam ao Sunshine State, anunciando o outono, mas o clima politico esquenta, à medida que se aproxima o terceiro e último debate presidencial americano antes das eleições…
Enquanto as árvores perdem as folhas mas não perdem o cerne, os protagonistas se enclausuram e se preparam, neste final de semana, véspera da batalha de Boca Ratón na segunda-feira, afiando as garras e a língua, ao passo que seus dublês coadjuvam nos estados em que suas campanhas consideram a situação mais crítica:
Joe Biden, The Laughing Bag, tenta falar sério aos cobiçados 29 delegados da Flórida e seus Floridians, perfeitamente divididos entre um candidato fraco e opressor, e outro debilitado e oprimido pela tênue convalescença da economia.
Jill Biden, devotada esposa, faz o que pode, pregando emIowa,Minnesota eWisconsin, outros estados ruins de decidir…
Simultaneamente, Paul Ryan – ajudado por Janna Ryan, sua esposa e ex-lobista de empresas em Washington D. C., e agora dedicada mãe-de-família – tenta redimir o patrão na terra dos mineiros de carvão em Ohio e Pennsylvania, onde um dia Romney disse que gostaria de fechar as minas do vil mineral porque matavam, mas agora não só não matam mais, como pagam ótimos salários…
No debate dos vices, em 11 de outubro em Dansville, no Kentucky, Biden tinha a clara missão de desfazer a imagem de apatia que custou preciosos pontos a Obama nas pesquisas.
Fê-lo com uma agressividade que beirou o desrespeito.
Frases de efeito popular, tais como “bunch of stuff” e “bunch of malarkey” (expressões de origem irlandesa, correspondentes a monte de abobrinhas, em português) alimentaram a mídia e os comediantes, potencializando a repercussão daquele debate assistido por 50 milhões de americanos.
OnovatoRyan se deu bem, mas a vitória foi atribuída a Biden pelos eleitores pesquisados.
No segundo debate presidencial, havido em Hempstead, New York, em 16 de outubro – e visto por 65,5 milhões de telespectadores – Obama já entrou mais macho, o que lhe rendeu uma vitória apertada naquilo que pareceu uma daquelas brigas de rua da molecada, a qual ele, assustado, tentou evitar no primeiro debate.
Romney, contrariado, sentiu os golpes e acabou mostrando mais do seu lado Neanderthal-que-escapou-da-extinção, especialmente quando afirmou – rebatendo a apreensão do eleitorado feminino – ter priorizado as funcionárias mulheres quando era governador de Massachusetts.
A expressão que usou – “binders full of women” (pastas/arquivos “cheios de mulheres”) – foi imediatamente conectada com little black book, que equivale ao nosso caderninho, como cantava Erasmo, cheio de nomes e telefones de mulheres que nós, garanhões incuráveis, podíamos chamar quando quiséssemos – por falar nisso, onde será que deixei o meu, se é que um dia o tivera?
Nesta segunda-feira, último ato dessa disputa cada vez mais acirrada – jornais em Salt Lake City, que apoiavam Romney, e outros na Flórida, que apoiavam Obama, decidiram mudar de lado, por exemplo – deveremos assistir a um verdadeiro balaio de gatos…
A contagem dos votos antecipados – permitido nos EUA – revela que mais de 2 milhões de eleitores americanos já votaram em seus candidatos, e a maioria é de democratas registrados.
EmOhio, 36% são democratas e 29% republicanos.
Em Iowa, quase meio milhão de eleitores solicitaram o boleto de votação – 45% são democratas e 30% republicanos.
Outros estados estão iniciando a votação antecipada – a Flórida no próximo fim de semana.
Historicamente, os eleitores democratas são os que mais antecipam seus votos.
E nesse último debate, a ser focado em política externa, espera-se que Barak Obama leve vantagem, graças à decisão de retirar as tropas do Iraque e à eliminação de Bin Laden, bem como aos infelizes comentários do adversário na matéria.
Contudo, Mitt Romney parece influenciar bastante o eleitorado com o seu jeitão de Nobel em Economia.
Tanto quanto quando acusa Obama de ter negligenciado Israele de ter subestimado a ameaça da revolta da Primavera Árabe, sobretudo com o ataque à embaixada na Líbia e com a escalada da violência na Síria.
A Flórida, palco desse combate, abriga uma grande população de baby-boomers republicanos fanáticos, que foram incluídos na lista dos 47% de chupins do tio Sam por Romney, e as últimas pesquisas mostram que não se importaram com isso, eis que o republicano lidera.
Parece-me que, em se tratando de política, todo mundo mente, e, no final, ganha mais quem mente melhor, convencendo o indeciso eleitor cherokee a se levantar do sofá e colocar o seu voto no escurinho da urna, mesmo que seja no candidato diferente daquele de quem falou…
Fonte: Tipnews.info