A “bola-de-pé”…

O “soccer” nunca esteve tão em evidência nas terras do “Tio Sam” desde os tempos do Cosmos de Pelé…

Em toda parte, o “esporte das multidões” tem atraído interesse e torcedores tão fanáticos como qualquer “corintiano” do Brasil, e movimentam-se milhões em novos projetos, patrocínios e vendas de produto e de cadeira nos estádios.

O caso mais recente é o da contratação de Kaká para defender, a partir de janeiro de 2015, o Orlando City Soccer Club, que pertence à principal liga americana de futebol (a MLS – Major League Soccer), por iniciativa do empresário brasileiro Flávio da Silva, maior acionista do clube.

Para aqueles que não sabem, Flávio Augusto da Silva é aquele brasileiro que, aos 23 anos (em 1995), fundou no Brasil a escola de inglês Wiseup e a vendeu, 18 anos depois, ao Grupo Abril de Educação pela bagatela de 1 bilhão de reais.

No mesmo ano, comprou o clube de Orlando, aproveitando a maré crescente nos negócios da MLS e a onda das “soccer moms” que querem ver suas crianças jogando a bola com os pés.

Já do lado de dentro da arena, onde os negócios têm pouco a ver – ou, pelo menos, deveriam! – aproxima-se a etapa final do grande espetáculo exibido pelos melhores do mundo a cada quatro anos: a Copa do Mundo!

No cenário montado desta vez em terras brasileiras, veem-se crachás piratas, falsos cadeirantes pegos no “levanta-te e anda!”, truques do bilhete perdido, prática do “achado não é roubado” – embora fosse desviado! – felipões de todas as nacionalidades aflitos, zangados e ternos com seus pupilos, preços inflacionados nas corridas do táxi e nos programas despudoradamente tolerados e caros, torcedor marcando território em muros e portões alheios, prisão relaxada e TV liberada na ala VIP  da Papuda, enquanto a matança segue solta no calor da disputa…

Como todo animal, os humanos somos guerreiros. Brigamos pela comida, pelo território e, sobretudo, para deixar legado.

O futebol parece ser uma alternativa “pacífica” de fazer a guerra, disfarçada no golpe maldoso e nem sempre sutil, camuflado na “briga pela bola” e revelado no choro de quem cai e na inexorabilidade do video tape

Aquela “esticadinha do dedão” dentro da chuteira, aquele último esforço do gluteus maximus – tão admirado no Hulk! – antes da cãimbra dilacerante e a decepção de ver a bola se esquivar do gol e passar tão perto da glória…

A América Latina se destaca – ah, se soubéssemos votar como jogamos bola!

E a gente geral se envolve, festeja e chora, mas é tudo parte daquele mesmo show que um dia começou como pelada entre a molecada da rua, onde apossar-se da bola era a única regra que havia…