O Brasil e o voo da galinha

Não foi só na Copa do Mundo que o Brasil não jogou nada.

Atribuído à má gerência de seu técnico, o fracasso da seleção machucou muito o coração do torcedor brasileiro, mas não conseguiu esconder o dano que o mau gerenciamento do atual governo tem infundido ao bolso do cidadão…

Quando ganhou a presidência em 2010, Dilma Rousseff passou a administrar um país que naquele ano cresceu 7,5%.

A opinião pública mundial era a de que o gigante adormecido finalmente alçara voo e catalisaria o crescimento global nesta primeira metade do século 21.

Conforme se dizia no tempo dos balões das festas juninas mais ingênuas de antigamente, a tocha “pegava no breu”.

Porém, tal qual entusiasmo deslumbrado de turista – e o voo forçado dos galináceos – a alegria durou pouco…

Já em 2011 o crescimento do PIB desceu para 2,7%; e para menos de 1% em 2012.

Em 2013, empurrado pela agropecuária e investimentos, voltou a crescer acima da unidade, fechando em 2,3%.

Para 2014, o FMI espera 1,3% de crescimento, enquanto o mercado financeiro doméstico, menos politico, projeta 1,1%.

A despeito desse sobe e desce dos números do PIB e das expectativas de uns e outros, o Brasil real parece ter se estabilizado em posição muito desfavorável em relação àquele mundo que entraria no vácuo da sua decolagem: o país ainda é uma das nações mais desiguais em termos de padrão de vida dos seus nacionais.

Tem um índice de assassinatos que rivaliza com o das cidades mais violentas do México.

A saúde pública é uma loteria de aposta obrigatória para os azarados carentes.

Menos da metade dos alunos que saem da escola alcançam alfabetização plena – e vão para um mercado que ainda chamam de armazém

A discrepância na renda brasileira é a pior dos últimos 50 anos, apesar do fato de que, em menos de uma década, 10% dos paupérrimos dobraram sua renda, enquanto 10% dos mais ricos só ficaram 20% mais abastados, numa prova de que a estatística tem a capacidade de engordar e de matar a mesma vaca sem que o fazendeiro perceba – só a vaca…

Os realistas de outrora chamavam nosso país de “Belíndia”: a combinação de uma pequena e rica nação feito a Bélgica com uma outra imensa e pobre, representada pela Índia e seus marajás.

Os ufanistas de agora ainda chamam nosso país de “Belíndia”: a soma de uma pequena nação tão rica que cresce devagar como a Bélgica e uma outra, gigantesca, que cresce a indices impressionantes, como a Índia.

Resta saber se continuarão a impressionar, nas eleições de outubro, aquela imensa massa popular que acreditou no breu da tocha do balão…