CAROS SENADORES DA REPÚBLICA

Senador vem da latina senior, que significa mais velho. Não conota idade provecta, mas condição respeitável. Os mais velhos mereciam respeito nas tribos primitivas por causa da sua experiência, o que os tornava capazes de aconselhar os mais jovens – seu dever era evitar que as gerações inexperientes respeitassem os erros deles. O Senado romano reunia os patrocínios mais respeitáveis para conduzir os negócios republicanos, ou seja, da coisa pública. Nas democracias de poder tripartite e representação bicameral, como pretende ser a nossa, os senadores são representantes das unidades federativas, os Estados. Misturam-se, no modelo imitado do sistema bicameral adotado pelos países fundadores da revolução Americana, o mando romano e a estirpe nobre dos barões britânicos. Pode-se argumentar que, já entre os romanos, nem sempre a respeitabilidade era sinônimo de superioridade, como o demonstram conspirações, caso da que terminou por abater Júlio César sob a estátua de Pompeu, á entrada do edifício onde se reuniam os senadores, frequentando por serpentes afiadoras de punhais. E que o sangue azul dos lordes ingleses não garante sua nobreza de atitudes, não sendo a Câmara de Lordes, assim como o Senado americano, um convento habilitado por freirinhas virtuosas. Isso não quer dizer, contudo, que a lenda segundo a qual não existe pecado no lado de baixo da linha do Equador, corrente desde a Renascença, permita um acréscimo de letras capaz de transformar o que não é convento num conventículo, sinônimo pouco empregado de prostíbulo. A imagem é pesada demais, é certo, mas a verdade é que, nossos senadores têm abusado da paciência dos cidadãos que lhes sustentam os luxos e caprichos sem receber em troca o exemplo de decência e austeridade que de todos eles, é lícito esperar. Como podem assistir estáticos o Supremo Tribunal Federal (STF) se transformar no quarto poder de nossa república? E vossa obrigação de análise senadores? Trata-se de ato constitucional e democrático um eventual processo de impedimento de ministros do STF que transgridam seus limites e obrigações. Com que direito o Presidente do Senado David Alcolumbre (DEM AP) engaveta sistematicamente todos pedidos de impeachment? Até quando um ou outro ministro do STF fará papel de ministério público, delegado investigador, legislador e juiz? Para onde vamos com nossa jovem e imatura democracia? Senhores Senadores, V.Ex.ªs aguardam a população rebelar-se como em 2014? Rogamos que ajam.