CLASSE MÉDIA SOFREDORA

A classificação social no Brasil é bastante confusa por sermos um território
com grandes diferenças. Ser rico numa região pode equivaler a pertencer à
classe média baixa em outra. Escolhamos o critério de renda, o mais usado
para definir as divisões. Incrível, a classe A teria renda superior mensal a
20 salários mínimos, a classe B, entre 10 e 20 salários; a classe C, entre 4
e 10; a D, entre 2 e 4; e a E, com renda inferior a 2. Por esse critério,
ricos estariam na classe A, a classe média alta ficaria na faixa B, a C
formaria a classe média típica e os de baixa renda estariam na classe D,
ficando os pobres na E. Mas há algum tempo essa composição se desmancha.
Como se sabe, a classe média se robustece no fluxo da expansão da
industrialização ao longo de oito décadas no século 20. A globalização das
economias e a conseqüente reengenharia na administração empresarial
enxugaram postos de trabalho. A partir daí, desenvolve-se um processo de
degradação que no Brasil, segundo estudos da Unicamp, fez a classe média
perder, nos últimos anos, um terço de sua renda. Em 1980, 65% da classe
média era composta de assalariados; em 2000, este índice era de 55%. Em 80,
a classe entrava com 32% na população economicamente ativa (PEA); em 2000,
caiu para 27%. Ademais, os custos da classe média com saúde, educação,
segurança, transporte e habitação, sempre ascendentes, fizeram-na apertar o
cinto. Sem tradição de lutas, os núcleos do meio da pirâmide canalizaram a
indignação para a política. Daí serem comparados com a pedra que faz marolas
no lago social. A formação da opinião pública tinha como parâmetro a
expressão da classe média. Ao correr das últimas duas décadas, porém, ela se
esgarçou. Perdeu espaço político. Enquanto sua vos definhava, fortalecendo o
grito da margem inferior da pirâmide social. Vamos a um exemplo. Em 2012, o
comércio da Rua 25 de Março em São Paulo, registrou R$ 23 bilhões em vendas,
ou 40% de todos os Shopping Centeres do País, enquanto no mercado, os
próprios shopings voltados a classe média faturou cerca de R$ 5 bilhões no
mesmo ano. Na verdade o que vem ocorrendo é que a conta precisa ser paga por
alguém. O governo socialista que o adotado pelo Brasil tem a classe média
como patrocinadora de todos os avanços sociais conquistados até então.
Distribuir renda é avaço social, mas deveria acontecer a partir das classes
mais abastadas, classes essas que em nosso País vem ficando cada vez mais
abastadas. Lembro que um País próspero economicamente precisa de uma classe
média pungente, em especial de sua poupança. Parece que nossa presidente da
república, que aliás, é economista, se esqueceu disso.