O “novo” Código de Trânsito dos motoqueiros possui hoje somente uma regra que diz: “para os motoqueiros não existem regras!” Pelo menos é isso que se intui da realidade e comportamento atual desses elementos no trânsito, principalmente em São Paulo, mas que também tem se alastrado pelas cidades paulistas.
A grande parte deles pertence à classe dos motoboys, profissão regulamentada de acordo com o projeto de lei nº 203/01 e sancionada pelo ex-presidente Lula em 29/07/2009. A maior parte jovens são contratados como trabalhadores autônomos ou registrados pelas empresas, para distribuírem mercadorias, documentos e outros.
Mesmo considerando-se o fato que viver em cima de uma moto, dentro do trânsito de São Paulo o dia inteiro é pelo menos enlouquecedor – deparamo-nos com uma categoria extremamente mal educada e mal preparada em relação às regras de trânsito e que adquiriu uma autoconfiança e um poder incríveis, frutos da impunidade.
Não respeitam ninguém e se tornam irritadiços com a mínima interferência dos automóveis, principalmente, em seus percursos. Em troca, já se tornou corriqueiro as ofensas aos motoristas, não importa a idade ou sexo, as punições a esses, que os motoqueiros a seu bel prazer lhes imputam, como destruir os espelhos retrovisores com o pé, ou da mesma forma danificar outras partes externas dos veículos. Além de ser um exemplo vivo da “involução cultural” pela passa nosso país, é altamente interessante à classe política que necessita de eleitores “incultos & incautos”, pois são facilmente manipuláveis.
Costumam vir de longa distância, com suas buzinas acionadas, geralmente em grupos, em velocidade várias vezes superior ao que o trânsito permite, para quem estiver à frente lhes dê caminho, mais ou menos como ocorre com as viaturas policiais e ambulâncias sob emergência. E ai daquele que não obedecer! – seja por falta de experiência ou por não entender a ordem expressa, corre o risco de ser agredido por um grupo desses novos donos, ou melhor, vândalos do trânsito!
Com que rapidez a impunidade se transforma em direito adquirido! Lembro-me do Prof. David S. Landes, da Universidade de Harvard.
A cidade de São Paulo registra 10 mortes por semana envolvendo motos (O Estado de São Paulo (4/5/12). Esses tristes dados chegam a assustar, paradoxalmente, quem está acostumado com o trânsito da capital paulista, por serem muito menores do se poderia esperar, perante o volume e a frequência de riscos a que se expõem esses jovens, diariamente.
Quanto mais se arriscam, vão adquirindo a falsa autoconfiança baseada em suas destrezas e habilidades sobre duas rodas, e tomando como base a impunidade das autoridades competentes, intuem a mesma impunidade em relação às leis físicas, particularmente da cinemática, ou seja, as que dizem respeito à situação dos corpos no espaço. O que nem sempre acontece.
A mesma notícia ainda faz menção que a Companhia da Engenharia de Tráfego (CET) da Prefeitura Municipal de São Paulo estuda uma campanha educativa! Que notícia alvissareira e precoce! Como se este pesadelo do trânsito paulistano tivesse começado ontem e a prefeitura estivesse surpreendida com os fatos.
Tal hipocrisia administrativa não é exclusiva de São Paulo, mas em todo o Brasil, quando os governantes não querem enfrentar um problema espinhoso, no sentido de que poderá repercutir negativamente nas urnas.
As regras “básicas” de trânsito são as mesmas para veículos de quatro e duas rodas, aqui e na maior parte do mundo. Não existe qualquer tipo de privilégio de um sobre o outro. Por isso que nossa carteira de habilitação é aceita em grande parte dos países do Ocidente, como turista.
Enfim, porque em Amsterdã, Copenhagen, Roma, Milão, Paris e muitas outras cidades, em que o número de veículos de duas rodas é proporcionalmente maior que em São Paulo, a realidade é outra? Simplesmente porque as regras de trânsito são cumpridas, indiscriminadamente.