CONSEQUÊNCIAS VÊM DEPOIS

A espirituosa advertência do ex-senador Marco Maciel pode ser muito útil. Que diga o PT, que permaneceu surdo às advertências, a tomar decisões com base em crendices ideológicas temperadas pela sede de poder, vendo agora o momento das consequências chegar.
No plano nacional, chegaram em enxurrada: rombo recorde nas contas públicas, descontrole da inflação, paralisia da economia, sucateamento do parque industrial, interminável sucessão de escândalos, cada vez mais graves, e, como se não bastasse, transtornos ecológicos profundos – segundo relatório do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o aumento do desmatamento da floresta amazônica chegou a 122% (índice de outubro, mas não divulgado então para não atrapalhar a candidata e permitir a ela, no discurso da ONU, mesmo conhecendo o número, dizer que o desmate “era pequenino”) -, visíveis nas seca e inundações que assolam diferentes áreas do País, para as quais a solução petista parece ser o controle da mídia.
O desastre fará o Brasil retroceder anos em seu desenvolvimento, o que já pode ser constatado em sua face mais cruel: a miséria, que vinha diminuindo desde o Plano Real, voltou a crescer. Nas demais instâncias – estaduais e municipais – administradas por gestores petistas ou afins, pode-se ver o resultado do descaso com as contas públicas e os consequentes problemas acarretados.
Como isso é possível, pois qualquer chefe de família ou dona de casa sabe muito bem que se gastar mais do que ganha e cair no cheque especial – como é o caso do Brasil – vai sofrer as consequências. A diferença é que, no caso da administração pública, quem arca com o ônus é a população, principalmente a mais carente, que mais precisa dos serviços públicos.
Mesmo em cidades que foram, até a gestão petista, modelos tradicionais em administração das finanças públicas, que seguiam os parâmetros da Lei da Responsabilidade Fiscal antes mesmo de sua aprovação, onde há anos não há problemas em fechar as contas municipais, a queda da arrecadação em razão da crise econômica nacional pode não ter sido acompanhada do devido controle das despesas e os problemas começam a surgir.
Na oposição, o PT dizia que a solução dos problemas dependia de “vontade política” e, mesmo não tendo feito todo o resto, isso, do que prometeu, foi feito. As decisões parecem mesmo ter sido tomadas por vontade política e interesse partidário, acima da própria realidade. Como resultado, as consequências. Como disse até mesmo a campanha da presidenta, é preciso mudar.
MIGUEL HADDAD é deputado federal eleito