A crise política de Israel

Já não é de hoje que a coalizão que forma o governo israelense atual vem recebendo alguns “cruzados no queixo”, frutos da efervescência sociopolítica que o país atravessa.

Mas ninguém esperava por uma “bomba” para a opinião pública, como a lançada sexta-feira, 27, por Yuval Diskin, ex-chefe da Agência de Segurança Interna, Shin Bet.

Diskin acusou diretamente o primeiro-ministro Benjamin Netanyiahu e o ministro da defesa Ehud Barack de exagerarem na necessidade de um ataque militar ao Irã, com o objetivo de neutralizar sua capacidade de produção de armas nucleares e se tornar uma real ameaça ao estado de Israel.

Além de se referir de maneira agressiva e inédita, para o mundo, aos seus compatriotas, Diskin disse que os líderes israelenses estão com seus julgamentos ofuscados por “sentimentos messiânicos”, e que um ataque ao Irã agora só iria contribuir para acelerar o seu programa nuclear.

Várias vozes de dentro da coalizão alçaram protestos contra as declarações de Yuval Diskin, mas o que complica ainda mais é que o detrator, aos olhos do governo, não parou por aí, atacou ainda os governantes por não prosseguirem ativamente com as tratativas de paz com os palestinos.

E para completar, Yuval mencionou que qualquer ataque ao Irã nesse momento faria o preço do petróleo subir às nuvens, o que agravaria ainda mais a crise econômica mundial, a qual agride tenazmente a Europa e os Estados Unidos, e Israel seria considerado como o grande vilão.

Hoje, domingo, o primeiro-ministro Netanyiahu aventou a possibilidade de uma eleição geral antecipada, depois que um parceiro importante da coalizão se retirou.

Avigdor Liberman disse no sábado que seu partido Yisrael Beitenu, ultranacionalista e extremamente secular, tinha esgotado seu compromisso com a coalizão, por não ter sido resolvido a questão dos judeus ortodoxos no exército.

O partido de Liberman é o segundo maior da coalizão, atrás do de direita Likud do primeiro-ministro.

Este cenário demonstra a impressionante turbulência em Israel, de como lidar com o programa nuclear iraniano. Não obstante o Irã afirmar que seu programa nuclear é para fins pacíficos, isso se torna hilário para o Ocidente acostumado com as contradições de seu governo fundamentalista.

Pelo que parece, as sanções econômicas internacionais, parcialmente já efetivadas pelos Estados Unidos e alguns de seus aliados, e que estão ainda em negociação nas rodadas da ONU, possam se transformar em medidas mais efetivas, para impedir o Irã desenvolver a tecnologia de armas nucleares.

Tais fatos mostram também que o radicalismo e o destemor militar que foram os responsáveis pela sobrevivência de Israel até hoje, em função das inúmeras investidas de seus vizinhos para aniquilá-lo, nesse momento já não formam mais uma atitude positiva, e pelo contrário, prejudicial aos seus próprios interesses, manifestados não só pelos desencontros de sua política interna, mas também para com seus principais aliados, nas grandezas e misérias de um mundo globalizado.

Fonte: tipnews.info