O hábito de corromper ou ser corrompido depende de leis e punições. Casual,
endêmica ou sistêmica, a corrupção é praga incrustada na civilização. Países
democráticos com menor incidência têm leis duras e punições rigorosas. Em
regimes de exceção, pouco se faz, pois a corrupção é “modus operandi”, vejam
o legado do Lulopetismo, Chavismo e Castrismo. Leis e punições do lado oeste
da Península Ibérica nunca foram exemplares. A história menciona que no
limiar do século XVI o governo português destacou o experiente Vasco da Gama
para comandar a armada que rumaria a Índia, e que no caminho viria descobrir
o Brasil. De última hora, sem explicações, o comando foi assumido pelo
inexperiente fidalgo, Pedro Álvares Cabral. A mudança foi “articulada” e bem
paga a “puxa sacos” do rei D. Manuel I. No século XVII, no Ciclo Econômico
da Cana de Açúcar, após os engenhos, vitais para consolidação do império
mercantil lusitano se esparramar pelo País, grupos poderosos mandavam mais
que o rei D. Felipe II. As dificuldades eram enormes e resolvidas pelo
“jeitinho bem remunerado”. O sistema de capitanias hereditárias fracassou no
Brasil, depois delas, um regimento instituiu o Governo Geral. A partir do
século XVIII os governadores receberam o título de vice-rei, porém eram
postos para traz pelos apadrinhados da corte D. João V, a troco de ouro do
novo ciclo econômico. O Governo Geral permaneceu até a vinda da família real
para o Brasil, em 1808. Fugindo de tropas Napoleônicas em frangalhos,
viajaram em quatorze naus com centenas de funcionários, criados, assessores
e pessoas ligadas à corte com muito dinheiro, obras de arte, documentos,
livros, bens pessoais. O Brasil passou a centro do Reino Unido. Para se
ajeitarem no Rio de Janeiro, o príncipe regente D. João VI esparramou sua
corriola subornando e despejando quem não “negociava”. Com a abertura dos
portos, no final do século XVIII, podia-se obter privilégios com pagamento
de “caixinhas” a corte. Comparado ao passado remoto, a corrupção chegou a
níveis impensáveis, ou se tornou muito mais conhecida? De certo ganhou novas
formas e alcances inéditos. A luta pela construção de uma sociedade melhor
depende da combinação de fatores como leis duras, repressão e punição
exemplar, porém a transformação da nossa cultura transgressora será
indispensável no longo prazo.