DA RECESSÃO AO CRESCIMENTO

O fato de que o Produto Interno Bruto (PIB) da economia brasileira tenha caído 0,1% no terceiro trimestre de 2021, acumulando dois trimestres seguidos de queda, não deve, necessariamente, como ocorreu com grande frequência, logo em seguida, ancorar um prognóstico recessivo para a economia brasileira em 2022.

Quase que, ao mesmo tempo, tivemos notícias positivas que não foram observadas e levadas em consideração nas análises econômicas que, sem sombra de dúvidas, porque são reais, irão gerar impactos relevantes e positivas para a economia brasileira no próximo ano.

Dados do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, divulgou a geração de cerca de 253.000 empregos em outubro e de cinco milhões de postos de trabalho de janeiro a setembro passado, o que consolida, não obstante a perda do poder de compra da moeda, decorrente da inflação, um contingente maior de consumidores que, gradualmente estão mais movimentando a nossa economia. Mais empregos estão sendo gerados (não temos ainda estatística) neste quarto trimestre. A taxa de desempregados foi reduzida de 14,9% para 12,6% da força de trabalho.

Quando analisamos com maiores detalhes os números da queda do PIB de 0,1% no terceiro trimestre, verificamos uma queda de 8% no agronegócio e pequenas quedas nas vendas do varejo e produção industrial, porém, o setor mais representativo da economia brasileira – Setor de Serviços – que representa um pouco mais de 70% do que o País produz; – cresceu 4,8% e também tivemos crescimento do motor do crescimento sustentável de qualquer economia – os investimentos – cresceram em torno de 1%.

A safra de grãos deste ano ficou em cerca de 252 milhões de toneladas, em decorrência da grande estiagem. Em condições não excepcionais, chegaria a 275 milhões de toneladas. Para 2022, a safra prevista é de 289 milhões de toneladas de grãos, com um crescimento próximo de 15%.

Neste ano fecharemos a balança comercial com um superávit próximo de US$ 60 bilhões. Os Investimentos Diretos dos Estrangeiros em ativo fixo, deverão atingir cerca de US$ 50 bilhões. Temos um peso negativo da inflação que ficará em torno de 11,0% e a taxa básica de juros, a SELIC, também em torno de 11,0% ao ano, o que trava parte do consumo e investimentos financiáveis no País.

Estruturalmente, iniciativas em curso muito provavelmente gerarão resultados para a economia, com a geração de empregos, renda e benefícios sociais que somados irão agregar favoravelmente no desempenho econômico, vejamos: – O marco do saneamento básico, já iniciado os trabalhos de instalação de água potável e coleta e tratamento de esgoto, em mais de 200 municípios, de vários Estados nacionais; – Os investimentos nas ferrovias, já em curso, injetando bilhões de reais no setor, fundamental para melhorar a logística em todo o Território Nacional, em nosso País Continental, além de viabilizar nossas exportações com menor custo de fretes; – Investimentos significativos nos aeroportos, e com as concessões realizadas, que redundarão em bilhões de investimentos com capital nacional e estrangeiro; –

Outro dado importante é que muitas empresas nacionais, que atuam em segmentos importantes da nossa economia, estão divulgando a iniciativa em bilhões de investimentos, a partir de janeiro próximo;

Agora, com o Congresso Nacional tendo aprovado o “Auxílio Brasil” de R$ 400,00 mensais para 17 milhões de famílias, embora pouco, mas significativo para milhões de pessoas que irão consumir mais e movimentar o comércio e serviços no País, no próximo ano e sequencialmente.

Por todas essas considerações acredito que será sim possível crescer um pouco mais que 2% a nossa economia em 2022.

Uma variável fundamental será o desempenho da economia mundial, a estabilidade política e social no exterior e aqui no Brasil.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia da Unianchieta, membro do Conselho de Administração da DAE e Consultor de Empresas.