A palavra resign (do latim resignare), em inglês, tem como sentido mais comum demitir-se.
No português, sua utilização mais frequente é pra expressar submissão paciente aos sofrimentos da vida.
A surpreendente abdicação do papa Bento XVI ao trono de Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana me fez introspectar…
Alguns, talvez por excesso de fé, têm explicado a renúncia do papa alemão de 86 anos – completos no próximo 16 de abril – como ato de abnegação e coragem, mas a maioria dos católicos mostra ter interpretado o inusitado gesto como uma decisão extrema e chocante, a ser ainda muito bem explicada pelo heterogêneo – e aparentemente amotinado! – consistório antes do próximo conclave.
A mim, o que se me obriga diante do fato é rever o conceito de Sumo, bem como dos dogmas de todas as religiões na determinação do destino desse imenso rebanho de humanos…
Sem pretender fazer deste post o melhor exemplo de pieguismo – e menos ainda um núncio de pessimismo! – o afastamento e o enclausuramento expontâneo do líder espiritual de bilhões de pessoas me faz lembrar que passamos o tempo todo tentando achar – pra segurar! – as rédeas da vida.
Lutamos cada vez mais pra produzir os resultados que entendemos ser melhores, com audaciosos planos e metas.
Queremos conciliar, empenhados, as nossas aspirações mais sensatas – e também os sonhos e as ilusões – com a realidade imprevisível, incontrolável e intolerante.
Tal qual o papa – que parece ter desistido, resignado – como explicar de onde vimos e para onde vamos, se mal sabemos o que somos?
Porque as circunstâncias acabam sempre nos mostrando que aquelas rédeas da vida, que tão avidamente procuramos, não estão, afinal, nas mãos, mas na boca…
O que faz ficar difícil – impossível, muitas vezes – não apenas o controle, mas também a obediência fiel a tais amarras e, coadjuvante subserviente na condução, seguir vivendo!