DIA 13, O GRITO DAS RUAS

O que dizer sobre o crime, as investigações, a promiscua relação entre
governo e empreiteiras, assim como denúncias, condenações da Operação Lava a
Jato da Polícia Federal (PF)? Não é de se surpreender que a moral e a ética
no Brasil estejam de ponta cabeça. Cenas do cotidiano mostram a curva da
inversão dos nossos valores. Políticos, empresários, juízes, professores,
religiosos, no passado esteios da sociedade, hoje não mais. O cotidiano do
Brasil lembra a Colômbia de Pablo Escobar, a Itália da “Cosa Nostra”. A
distinção entre marginais tradicionais e os da “Lava a Jato” é a roupa e a
condição social. A contravenção tem uma lógica de conveniências, a mesma que
Lula, Renan, Cunha, Delcídio, Collor, Lobão, Gleisi, Palocci, Dirceu crêem.
Certa vez o apresentador Luciano Huck foi rechaçado por alguns jornais. Ao
ser assaltado e ter seu relógio Rolex subtraído, insinuavam que era
inadmissível alguém “pendurar o equivalente a várias casas populares no
próprio pulso”. Virou moda achar que roubar ricos é fazer justiça aos
pobres. A estapafúrdia tese se encaixa na moldura da perversão nacional. A
Operação Lava a Jato investiga a cúpula do governo federal, empresários e
executivos das maiores empreiteiras do País, e de outras pessoas, que
orbitam nesse lodo. A Lava Jato tornou-se o epicentro da crise moral que
arrebenta a instituição política nacional. Se o Legislativo afunda, o
Executivo vai à luta para tentar defender-se. O vice-presidente da
República, Michel Temer, no programa político do PMDB pousou de possível
presidente, para o caso de Dilma renunciar ou sofrer um impeachement. É
sempre assim. Para não resolver um problema, cria-se um maior. Já a
presidente Dilma continua a deslizar na insensatez. Produz máximas sem nexo.
Lula, investigado e envolvido até os pescoço na roubalheira, simplesmente
foi depor a PF, noutro dia Dilma movimentou um enorme aparato oficial para
lhe prestar solidariedade pessoalmente. É o fim do mundo, uma excrescência.
A ausência de vergonha na cara se espalha na esteira do corporativismo. A
taxa de moralidade se esvai ante o pedestal do marketing. E os valores do
passado onde estão? Para despertar o gigante adormecido do porre moral, só
mesmo a indagação, a mobilização dos cidadãos ativos, a pressão das ruas.
Nesse domingo, 13 de março de 2015 as ruas deixarão de ter nome, se chamarão
apenas Democracia.