DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Em 5 de junho comemoramos o dia Mundial do Meio Ambiente. Na verdade, pouco
ou quase nada temos a comemorar. O Planeta em seus bilhões de anos sempre
encontrou formas de se recuperar. A natureza não tem problemas em seu tempo
que é contado em bilhões de anos, se reconstroi e sobrevive. Diferente do
nosso tempo, onde em pouco mais de duas centenas de anos estamos esgotando e
destruindo os recursos naturais. A população continua crescendo e com ela os
níveis de consumo crescem sem controle, a desertificação não para de avançar
por causa das mudanças climáticas, das matrizes energéticas e principalmente
do descaso. O Brasil tem mais de 180 mil km² desertificados no Semi-Árido
nordestino. Dos 11 Estados mais atingidos (9 deles no Nordeste), uma das
situações mais graves é a Pernambucana, onde 148 dos 185 municípios estão em
áreas onde o processo está instalado ou é ameaça. No Nordeste, a causa mais
freqüente é o uso excessivo de solos frágeis, com pastoreio insustentável.
Na média, na região são necessários de 5 a 20 hectares de terra para manter
uma cabeça de gado em pastagem nativa. Outra causa pode ser o desmatamento,
seja para o uso de lenha nas residências, seja pelo uso industrial.
Começa-se a deixar de lado antigas concepções que basicamente, tentavam
“combater a seca” e levar para a região projetos grandiosos de
desenvolvimento concebidos para outras áreas do País que em geral, consumiam
volumosos incentivos fiscais. Como as cisternas de placa, que armazenam água
da chuva para beber e cozinhar durante a estiagem. Ou como as barragens
subterrâneas, que permitem manter úmida e fértil durante a estiagem uma área
de terra suficiente para alimentar os moradores (R$ 3.500 cada). Ou
barragens encadeadas, do projeto Base Zero, que também permitem reter a água
da chuva e fertilizar patamares. Ou os fogões ecológicos, que reduzem em 70%
o consumo de lenha. Ou os projetos de manejo florestal sustentável do pólo
gesseiro. São muitos caminhos, simultâneos com os de geração de trabalho e
renda na criação de cabras, na apicultura, na fruticultura com espécies
nativas, no artesanato em madeiras e fibras, muitas coisas. Importante é a
mudança conceitual, das “grandes obras” de combate à seca para projetos
localizados e adequados. Ainda há muito a fazer. Para reduzir, por exemplo,
a grave concentração de propriedade rural (1,3% dos estabelecimentos rurais
têm 38% das terras, enquanto 47% dos estabelecimentos menores têm em
conjunto 3%). Falta muito, porém as estratégias estão mudando.