DILMA E O PODER VERMELHO

Os trabalhadores no final da década de 1970 viviam um dos momentos mais
intensos da história da república; a luta pelo fim da ditadura e por
melhores salários, onde um Lula heróico, descabelado e firme nos arrepiava
em seus palanques. O jargão era “A luta continua!” Dizem que brasileiros têm
horror ao horror. Não creio, porém para tornar o candidato Lula mais
palatável as urnas em sua primeira eleição ajustaram sua imagem.
Devidamente repaginado, passou a trajar ternos chiques, barba impecável e
parou de cuspir ao falar. Nas eleições de 2010 também mudaram a imagem de
Dilma para que não parecesse intransigente, centralizadora, nervosa e
indelicada, que de fato é. Deram a ela um banho de loja transformando-a numa
“lady”. Não acho que fosse necessário. O caso de Margareth Tchatcher na
Inglaterra também é emblemático. Foi eleita e reeleita primeira-ministra
várias vezes pela sua imagem de dura na queda. Era conhecida pelo povo como
Dama de Ferro. Personalidade forte é qualidade, desde que autêntica, e em
Dilma é. A chanceler da Alemanha Angela Merkel é assim e no passado Jânio
Quadros foi assim. Até mesmo Winston Churchill chegou ao centro do palco no
Reino Unido por ser assim. E isso numa época em que ainda não existia o
marketing político. A personalidade de Dilma não é o problema. Problema é a
presidente descolar da imagem de Lula. Nos últimos três anos de mandato nada
produziu com suas próprias mãos. Precisamos entender o real problema. Quando
votamos em Dilma, votamos em um projeto de poder de vinte anos declarados
pelo partidão. Em 2014 Dilma terá que mostrar para o que foi eleita. Deverá
resolver questões que corroem as estruturas do Brasil. Bases macroeconômicas
contaminadas com o financiamento do poder vermelho, a insegurança pública
ampliando-se a cada dia, o empresariado descontente com a falta de
políticas, a educação cambaleante, política externa atrapalhada que exclui o
País dos mercados comuns. Desde 01/01/14 coloquei Dilma em minhas
orações… “Deus dê saúde e firmeza para que possa produzir três anos em um,
sem ceder aos mercenários que a acompanham”. Lamento que o projeto de poder
vermelho tenha cedido a trágicas coligações que mancham a história de quem
dentre outras capitaneou a reconquista da democracia. Achei que
democraticamente poderíamos nos livrar de canalhas como José Sarney, Renan
Calheiros, Michel Temer e outros. Não foi dessa vez, e parece que demorará
um pouco. Ainda acho que a democracia é o melhor dos caminhos, mesmo sendo o
mais longo. Vamos torcer para que “a luta continue” em 2014, sem a
interferência dos crápulas. Dilma precisa trabalhar para o Brasil e não para
o projeto de poder vermelho.