Drogas lícitas

O verbete “droga” incomoda. Cada vez que se fala em droga, pensa-se logo em substância que causa dependência, no drogado, o drogadicto ou drogadictado, infeliz a se consumir no uso de substância entorpecente ou estupefaciente.
A luta contra as drogas é permanente, mas as vitórias estão a beneficiar o lado mau. Ou o lado do mal. Que o digam as “cracolândias”, as mortes por overdose, as famílias desfeitas, o prejuízo no trabalho, os “acertos de contas” e outras tantas sequelas que acompanham o cortejo fúnebre de quem se viciou.

A maconha parece inofensiva perto da cocaína. Esta é menos perigosa do que o crack. Mas a inventidade para o mal não sofre interrupção e novas substâncias aparecem no mercado e logo passam a merecer a preferência dos que não se satisfazem com a normalidade.

A discussão a respeito da liberação da droga é recorrente e há boas razões de ambos os lados. Mas pouca gente discute o consumo crescente das drogas lícitas. O álcool e o fumo são emblemáticos.

Bebe-se muito no Brasil. A juventude começa muito cedo nesse campeonato que pode acabar mal. Campanhas de alerta não surtem efeito. Basta constatar a sedução da publicidade a cargo das empresas que dominam esse lucrativo mercado.

O cigarro é outra droga que torna escravos muitos seres incapazes de abandonar o vício. A “tolerância zero” fez melhorar um pouco a situação, mas ainda formam legiões os que se condicionam a tragar, acendem um cigarro no outro, combatem a ansiedade e outros problemas com o fumo.
Há quem diga que o álcool e a direção não combinam e que as mortes no trânsito decorrentes do mau uso da bebida alcoólica são aterradoras.

Sempre recomendei a quem não consegue parar de fumar que acompanhe o estágio terminal de alguém acometido de câncer nos pulmões. É terrível a falta de ar, que nem os aparelhos de oxigênio conseguem suprir.

Temos restrições em relação às drogas ilícitas, mas somos tolerantes quanto às drogas lícitas. Seria interessante pesquisar de forma consistente qual o estrago que cada categoria produz, computando-se as perdas de uma Nação em situação gravíssima, seja econômica, seja financeira, em virtude de um consumo tolerado e, quanta vez, incentivado pelas armas da publicidade.