A boa educação e os bons negócios sempre andam de mãos dadas. Quando não, um dos dois é muito ruim…
Os Estados Unidos catapultaram o seu desenvolvimento e chegaram ao posto de país mais rico do mundo graças ao enfoque que sempre foi dado não somente à formação intelectual e ao estímulo à criatividade de seus cidadãos, mas também à apropriação – consensual, por assim dizer – do capital de talento humano dos demais países, que ainda sucumbe à irresistível atração atribuída à estrutura educacional americana e à fartura de seus campi.
As fases de maior avanço coincidiram – ou precederam, ou decorreram, ou giraram em volta, como elétrons do seu núcleo – com aquelas em que se deu mais importância à sala de aula e às condições de aprender e de ensinar, e no appeal que se fosse capaz de oferecer a todos os potenciais.
Não tem sido mera coincidência tantos Nobéis…
A realização do melhor da produção da mente humana, salvo raríssimos e honorabilíssimos acidentes, demanda adequação das instalações e qualidade no processo de fabricação – e excelentes mestres-de-produção.
E muito tempo de espera para render frutos plenamente, como ocorre com a castanha-do-pará, a noz do Brasil, e a jaboticabeira sabará, outro ícone da minha terra.
Esse longo tempo de maturação da inteligência só se compatibiliza à força com o imediatismo egocêntrico da política, que subjuga até os bem-intencionados.
E as boas intenções parecem ser muito susceptíveis às intempéries econômicas e à lei do menor esforço.
Hoje a foice – automatizada em escala percentual e apelidada de redução de déficit – adentra pela área sagrada do ensino, despreza a ponderação e o mérito do mestre a decepar, e segue, vendada, ceifando indiscriminadamente, sob a alegação de que são tempos difíceis pra todo mundo e contribuir é preciso…
Ocorre que economizar educação – quando não faz regredir! – estagna ou diminui dramaticamente o ritmo de progresso de uma nação, porque trunca a capacidade de seus indivíduos de perceber, avaliar, decidir e conquistar, com todo o empenho que o conhecimento impulsiona.
Mal comparando, é como tentar engordar o porco dando-lhe menos comida; ou querer aumentar a postura de ovos apagando a luz da granja (parece cruel, mas pense na fome do mundo e naqueles ovos com bacon…).
São cortes dissimulados e de efeito retardado – mas devastador! – como naquela árvore sangrada discretamente pela má-fé do desmatador que foge do flagrante e do delito.
E o país, sem se dar a devida conta, fica à mercê do improvável empurrão daquelas nações que crescem e se desenvolvem, no estilo sai da frente que atrás vem gente…
Há duas décadas, os professores da China, como a maioria dos servidores civis daquele país, ganhavam salários miseráveis, ainda menores do que os de seus compatriotas em outras áreas.
Hoje, são dos mais valorizados, evidenciando o esforço – claramente recompensado! – de Beijing de manter dentro de casa o seu melhor capital.
Na América carente de emprego, mais de um quarto das vagas disponíveis – cerca de 4 milhões! – não é preenchido por falta de qualificação dos candidatos, fato que pode ser extrapolado para os demais países industrializados.
As empresas, por seu lado e interesse, tendem a se estabelecer onde está a sua mão-de-obra mais qualificada.
E as parcerias empresa-escola, pra incrementar e usufruir de tal força de trabalho, se concentram nesses polos, ampliando-se, na mesma simbiose, também as pesquisas nas áreas de extensão, entre o empreendedor e o cientista de jaleco.
Onde está a melhor escola está a melhor empresa e vice-versa, num círculo vicioso benéfico que produz, simultaneamente, riqueza e desenvolvimento.
Priorizando-se a Educação, com o foco abnegado no longo prazo, país rico e país desenvolvido tém mais chance de ser sinônimos, e a vida de protagonistas e coadjuvantes – ou de mestres e aprendizes – maior possibilidade de ser feliz …