ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2016

Encostados na parede, espremidos e paralisados pelos intensos
jatos de lama contra eles esguichados, eis que de repente vão escapando do
cerco moral e do que lhes restava de vergonha na cara, sempre com a
desfaçatez dos que aprenderam a afanar até pirulitos de crianças. Mudam de
partido mas não mudam os hábitos, vivem no esgoto, se valem de falsos
números e sobretudo, de tenebrosas transações eleitorais, com o objetivo
exclusivo de continuar mantendo para usufruto próprio a máquina do poder.
Investem no cansaço do povo, no cansaço das informações sobre tantas e
tamanhas bandalheiras, cansaço de assistir ao vivo e em cores um desfilar
interminável de degradação pública, cansaço do cinismo, cansaço dos acordos
escrotos entre governo e oposição. Eles investem na ignorância do povo,
acostumado às mudanças de enredo das novelas, quando tudo fica mais
divertido e atraente com bandidos virando mocinhos e invertem o resultado da
história. E desse jeito eles criam novas esperanças e de novo enganam o
povo. Eles investem no boicote de informações de instituições comprometidas
e no corporativismo interno de departamentos governamentais e de empresas
estatais, que deram abrigo às mais escabrosas maracutaias perpetradas com o
dinheiro suado dos contribuintes. Apostam decisivamente na destruição de
valores, no desprezo pelo esforço do aprendizado, na desvalorização
sistemática do conhecimento, na arrogância da ignorância. Eles acham, no
fundo, que podem obter o máximo com o meio preparo, o meio-crescimento
econômico, o meio-raciocínio e, quando muito, a meia-honestidade. Apostam na
meia-boca, no tapa-buraco, na gambiarra, no discurso do “como se fosse”.
Eles investem, antes de tudo, no esquecimento e na impunidade. É como se
sentissem no direito de reivindicar uma generosa anistia por tudo o que
roubaram da sociedade, pelos prejuízos milionários que causaram. E por que e
para que eles roubaram tanto? Não foi para nenhum projeto “ideológico”, não
foram para nenhuma utopia político-doutrinária, para nenhum “paraíso” social
engendrado pelas arrebatadas teorias do século 19, mas sim para simplesmente
usufruir. Usufruir bens menores, confortos medíocres, status consumista sem
maiores imaginações. Eles roubaram, enfim, para ser medíocres. O povo tem a
urna eleitoral como aliada. Respondamos com responsabilidade nas eleições
municipais 2016.