O Brasil é o único País que comemora “redução do desmatamento” como se fora uma vitória. No ano passado, destruiu-se uma quantidade de árvores correspondente a quinhentos Maracanãs. Este ano, a destruição decresceu: foram apenas quatrocentos e noventa! Aleluia!
Não há inocentes nessa área nevrálgica e da qual depende a sobrevivência das futuras gerações. O governo desmata, o empresário desmata, o cidadão desmata e até o índio desmata. A PUC do Rio de Janeiro apurou que a devastação cresce na pequena escala. É o proprietário de um imóvel que usa a motosserra para acabar com as árvores que o “atrapalham”.
O desmatamento pulverizado é o maior atestado da ignorância do brasileiro. Mesmo na situação atual, em que ele sente a falta d‘água e se vê obrigado a restringir o consumo, continua a dizimar a natureza.
Para a crise que começou há vários anos, a solução a longo prazo é a restituição da mata ciliar. Aquela que, arrancada, faz minguar o curso d‘água. Mas fala-se em obras, fala-se em contingência e em aumento da tarifa. Não vejo um projeto de reposição da mata ciliar ou de restauração da enorme dimensão do sistema Cantareira que desapareceu diante da ganância e ignorância do mais nocivo animal que habita a Terra: o próprio homem.
As crianças deveriam ser lembradas, todos os dias, de que dependemos de água para viver. Deveriam ser incentivadas a formar mudas, a plantar árvores, a cuidar delas. A respeitar a água e a percorrer espaços em que ela ainda existe, para verificar o quão mais saudável é o ambiente quando esse líquido se faz presente.
Os pais deveriam acordar para a gravidade da situação e fazer um esforço para mudar seus hábitos. Adotar espaços ociosos perto da casa e chamar a comunidade para formar ali um bosque. Plantar uma árvore em frente de casa e mantê-la como tesouro incalculável. Mas o que se vê, ao menos em regra, é o pouco-caso, a insensibilidade, a indiferença.
Será que estamos mesmo tratando de uma espécie racional? Ou fomos todos acometidos de uma esquizofrenia suicida, que levará conosco todos os nossos descendentes?