A Igreja Católica Apostólica Romana parece ter escolhido bem seu líder. O
Papa Francisco mostra-se coerente com seu discurso, aliás, populista por
dever e força de posição enquanto estadista. Em um de seus discursos mais
espontâneos, na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, quando falou em
portenho por vinte minutos para cinco mil jovens argentinos que adentraram e
outros 20 mil lá fora, foi claro e objetivo em convocar todos a tomar a
frente de uma revolução pacífica contra as desigualdades, corrupção e
buscar a fé em Deus a cima de tudo. A Jornada da Juventude foi um sucesso em
seus objetivos e expôs ao mundo o carisma do Sumo Pontífice da Igreja
Católica. Foi muito bom ver jovens do mundo inteiro levando a sério a busca
de Cristo e engajados a busca de um mundo melhor. Sucesso também foi o
encontro do Papa com o Comitê de Coordenação do Conselho Episcopal
Latino-Americano (Celam), onde Francisco atacou o abuso de poder na Igreja,
à mentalidade de “príncipes” entre os cardeais, à inclusão de ideologias
sociais no Evangelho. De fato fez uma denúncia frontal contra o carreirismo
e contra a distância imposta pelos bispos aos fiéis. Em um duro e longo
discurso, considerado o principal de seu pontificado até agora, Francisco
apelou por uma Igreja “atual” e apresentou um raio X dos problemas da Igreja
que, segundo ele, estão impedindo seu crescimento e fazendo proliferar sua
“imaturidade”. Sem meias-palavras, Francisco alertou: a Igreja está
“atrasada” e mantém “estruturas caducas”. Para ele, chegou o momento de a
Igreja entender que precisa se modernizar e deixar de viver de tradições ou
apenas de vender esperanças para o futuro. Dissonante com a Jornada da
Juventude foi o discurso da Presidente Dilma na recepção do Papa, onde
destacou as estratégias de superação da desigualdade implantadas no Brasil,
com políticas de distribuição de renda e redução da pobreza. Mencionou que
“O Brasil se orgulha de ter alcançado resultados nos últimos anos na
superação da pobreza”. Sobrou marketing político e faltou sensibilidade e
ênfase ao grande encontro Católico do Rio de Janeiro. Aliás, nossa
Presidente não vem se saindo bem em suas aparições e discursos. No domingo
passado, na coluna da jornalista Mônica Bergamo da “Folha de São Paulo”,
quando questionada sobre reeleição e eventual volta de Lula, Dilma declarou
que o ex-presidente “não vai voltar porque ele não foi” e destacou a
proximidade que tem com seu antecessor: “eu e o Lula somos indissociáveis”.
Já que a Igreja Católica escolheu bem seu líder, resta agora aos brasileiros
escolherem bem seus líderes e representantes em 2014. Vivemos uma grave
crise de liderança positiva no Brasil, e o Papa Francisco deixará saudades.
Blog do Tip News Brasil
