FAMÍLIA, EDUCAÇÃO E RELIGIÃO

Todos os dias chegam notícias de crimes bárbaros envolvendo menores hora
vítimas, hora infratores. A história da menor estuprada por dezenas,
repercutiu globalmente, comovendo e motivando movimentos de direitos
humanos. Fato é que os envolvidos, depois de investigados, julgados e
condenados, deverão apodrecer na cadeia pelos artigos que infligiram.
Somam-se todos os dias ocorrências do gênero, e até mais selvagens, como por
exemplo a cinematográfica perseguição de duas crianças que roubaram um carro
e fugiram, sendo um deles morto por policiais. Em todos casos de crimes
envolvendo menores infratores ou vítimas, fica uma pergunta. Como foi que
isso aconteceu? A resposta em última análise chegará na desintegração da
família. A sociedade tem bases, e a família é uma delas em conjunto com
religião e educação. Esse tripé está manco, quando não derrubado. Sob os
efeitos da violência e da precária infra-estrutura urbana, crianças, jovens
e adultos desenham o cotidiano familiar com as tintas do isolamento, da
dependência de álcool e outras drogas, da fragilidade dos laços e das
situações de conflito com a lei. Um cenário de riscos significativos para
diversas esferas da vida. Ao lado da religião, a educação e a família são
portas de saída do crime e da infração. O alto número de jovens que
abandonam a vida escolar denuncia o verdadeiro abismo que separa a escola e
as camadas mais vulneráveis da sociedade. Para intervir nesse quadro, no
entanto, é necessário reconhecer o desamparo da escola diante de um contexto
altamente complexo. Uma educação de qualidade para todos só poderá ser
construída a partir do investimento público na capacitação dos educadores em
relação a essa problemática social, ao lado de iniciativas que promovam a
abertura da escola à comunidade e a família. É fundamental que a escola
conheça melhor as necessidades, os problemas e as potências do universo com
que trabalha. A distância entre escola e família se coloca como condição de
imobilidade e da desobrigação da escola com relação aos problemas da
comunidade. O desenvolvimento de uma política educacional mais próxima das
comunidades, ocupa lugar central na construção de uma educação de qualidade
que reconstrução da família e do retorno a religião. Quem sabe assim,
nossos menores retornarão a ser crianças, com pais que as mereçam, saindo
das manchetes mundiais.