Só não aprende quem não quer. A internet permite aulas gratuitas para todos os interessados em se aprimorar. A Universidade Federal do Rio de Janeiro tem um projeto chamado “Universidade das Quebradas”, destinado aos “quebradeiros”, artistas, pessoas que já trabalham com produção cultural ou ativistas, gente articulada e antenada. O público é heterogêneo mas o projeto não é passatempo.
Os estudantes discutem prosa modernista, a cada semana conhecem um novo mestre. As trocas de ideias prosseguem na internet com artigos que podem ser acessados no portal – universidadedasquebradas.pacc.ufrj.br . O projeto existe desde 2010, fruto de um insight das pesquisadoras Numa Ciro e Heloisa Buarque de Holanda.
Elas perceberam que pessoas com experiência têm saberes que a Universidade não ensina, nem discute. Criou-se a extensão para tratar da história da cultura, com foco inicial na literatura, artes visuais e filosofia. Logo em seguida vieram o teatro, o cinema, a dança e a música. Outras universidades, inclusive a de São Carlos e a FGV do Rio têm iniciativas semelhantes.
Fora da universidade, há o trabalho do Observatório de Favelas e a Universidade Fora do Eixo. Insistem na criação de redes colaborativas de conhecimento fora da universidade. Também existe o movimento Batalhas de Conhecimento, ligado aos grupos de rap. O circuito Fora do Eixo é uma universidade que não tem um campus, mas 400 campi. Nenhum fixo.
Não tem um curso, mas dezenas. Não há grade curricular, mas o aluno acumula créditos, somados e colocados em sua certificação. Não há ano letivo, pois o percurso é montado conforme a oferta. Todas as atividades são gratuitas e têm vagas limitadas. As redes sociais se congregam na Universidade da Cultura Livre – Unicult, espécie de consórcio de instituições multilaterais integradas a um processo de formação continuada na área cultural.
A internet é a plataforma base desse modelo alternativo de educação. Forma-se um novo eixo de aprendizado fora da camisa de força da escolarização tradicional, nem sempre apta a descobrir os talentos do alunado recluso a um sistema de aferição da capacidade de memorização e desconhecedor das individualidades que têm potenciais nunca desvendados.