FUNDAMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Do ponto de vista econômico, o mundo, num processo de interdependência e complementariedade, está cada vez mais interligado, tanto no crescente fluxo comercial, como também, no amplo fluxo financeiro. Diversos condicionantes sustentam esses processos, como a diversidade das condições de produção entre os países, assim como, os objetivos de melhoria da produtividade; a redução de custos e a busca por economias de escala.

Já em 1817, o economista clássico, David Ricardo, destacando a importância das trocas internacionais, formulou a Teoria das Vantagens Comparativas, demonstrando o valor do comércio mundial, mesmo com as deficiências do pensamento econômico da Escola Clássica, na época, uma vez que foi formulada, considerando um único fator de produção, o “fator trabalho”, vale destacar, outrossim, que entretanto, esse fato não diminui a essência do objetivo central, de que, será sempre possível o aperfeiçoamento dos processos produtivos, através da relevância das trocas internacionais.

No centro vital das trocas estão as “assimetrias” nas configurações estruturais dos países, como: a dimensão e diversidade das condições de produção dos Territórios do Países; a capacidade produtiva do “fator trabalho” e os níveis de eficiência dos capitais utilizados nos processos produtivos. Claro, a evolução científica e tecnológica, produzem diferenças nas vantagens comparativas entre os Países.

Subjacentes às teorias do Comércio Internacional, encontramos uma variável fundamental nesse processo, que é a “taxa de câmbio”. Como conceito, é o preço da moeda (divisa) estrangeira, no País que, como ocorre na interação entre os volumes da oferta e da procura, a definição do “preço”, ou seja, da taxa de câmbio (isso, num sistema de câmbio flutuante).

Desde 1991 (Plano Collor), o Brasil vem adotando o “câmbio flutuante”, portanto, com variações na taxa de câmbio (reais por dólar), sendo definidas pela oferta e demanda de divisas no País. O Banco Central, quando necessário, intervém no mercado para manter a taxa de câmbio relativamente estável (Dirty floating – flutuação suja);

Como um dos “preços” mais importante de uma economia, a taxa de câmbio, em suas oscilações, interfere nas exportações e nas importações. Se ocorre uma valorização cambial com a queda na taxa de câmbio (menos reais por dólar, como exemplo), o País tende a exportar menos e a importar mais, assim como, tende a aumentar o fluxo de turistas nacionais, para o exterior e, ao contrário, retrai o turismo de estrangeiros, no País.

Ainda, com o câmbio valorizado, o País passa a ter uma “âncora cambial” e aumentar as importações mais baratas e combater a inflação interna;

As variações na taxa de câmbio, provocam efeitos para mais ou para menos, na dívida externa do País. Quando a taxa de câmbio cai (valorização cambial), a dívida externa em dólares não se altera, mas a mesma dívida em reais, torna-se menor e, vice-versa, afetando o resultado do balanço de empresas devedoras em dólares, para mais ou para menos, dependendo das variações e, se empresas optantes pelo “Lucro Real”, o imposto de renda poderá também ser maior, ou menor, dependendo da taxa de câmbio.

O segundo “preço” mais importante para uma economia, são os “juros”. Se superiores aos internacionais, tende a atrair aplicações financeiras de estrangeiros e afetar a “taxa de câmbio” e a partir daí, caro Leitor, a roda do câmbio voltará a rolar, com todos os seus efeitos.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta,
Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas