Como diz Drew Westen, autor do livro “O Cérebro Político” (The Political Brain: the role of emotion in deciding the fate of the nation), em política, quando razão e emoção colidem, a emoção invariavelmente ganha.
É o que temos visto neste arranca-rabo entre Republicanos e Democratas, que paraliza a América e assusta o resto do mundo, boquiaberto ao perceber que o Tio Sam já não é mais aquele…
O líder da câmara dos deputados, o Republicano John Boehner, e o presidente Barack Obama parecem ter perdido a compostura e transformado suas divergências políticas naqueles bate-bocas das brigas de rua do nosso tempo de impúberes.
A necessidade de aumentar, no orçamento do próximo ano fiscal, o teto da dívida federal americana – hoje na casa dos quase 17 trilhões de dólares – virou instrumento de ataque pessoal de ambos os lados e, enquanto contendem na esgrima circense de língua e dedos indicadores, a partir do dia 17 deste mês se esgota a capacidade legal do governo de fazer qualquer empréstimo e até de honrar seus pagamentos.
Na realidade, os opositores de Obama miram no chamado Obamacare, de cujo balão já foi acesa a tocha neste primeiro de outubro, e o desespero dos brucutus republicanos é que pegue no breu.
Assim, condicionou-se a aprovação do aumento da capacidade de emprestar dinheiro do governo Democrata, pela Câmara Republicana, ao adiamento do plano de saúde do presidente, bandeira impossível de arriar diante dos 50 milhões de americanos sem seguro-saúde.
Para a maioria dos cidadãos, é inconcebível imaginar que, vivendo na nação mais rica do planeta, possa ser mais fácil para alguns ir até a lua do que para tantos visitarem o consultório do seu médico.
É inaceitável a contradição de que a terra da liberdade tenha a maior população carcerária do mundo.
É desconcertante, à vista dos países civilizados, o fato de que os poderosos Estados Unidos não consigam dar assistência médica a todos os seus cidadãos, ao mesmo tempo em que estimulam seus jovens a morrerem em guerras inócuas revestidas de libertadoras.
Diferentemente da lojinha que não deu certo, a administração pública não pode fechar, assim como o metabolismo dos seus governados não pode parar.
Não há nenhum serviço não-essencial – à exceção daqueles em seu próprio benefício – que qualquer governo de país desenvolvido possa deixar de prover a seus patriotas.
É imperativo que se continue a sustentar o pesquisador que tem tirado o bicho da nossa goiaba e a praga dos nossos campos…
Que tem diminuído a agressividade do câncer dos nossos pais ou até dos nossos filhos…
Que tem mitigado o dano de todos os nossos males…
É necessário ter a capacidade do recurso e da autoridade para evitar que nossa comida seja adulterada pela falta de escrúpulo do indivíduo, que nossos vizinhos batam à nossa porta pedindo o nosso feijão por não conseguirem comprar o seu, ou – pior ainda! – que, desesperados ou oportunistas, resolvam tomá-lo à força e se apossem da nossa cozinha…
Nem que nos tornemos apenas irracionais emotivos!