O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB – RJ), cassado
por seus parceiros, sempre foi impávido como Bruce Lee, seguro como Ulisses
Guimarães, ardiloso e inteligente como Maquiavel, cultuado como um “pop
star”. Nos últimos dias, depois de ser preso como um rato, manteve-se em
cima do pedestal que sempre o ostentou. Com muito dinheiro para gastar em
sua defesa, e um plano já traçado, tratou de contratar imediatamente um
advogado “medalhão”, especialista em delação premiada. Pessoas normais não
são capazes de imaginar o que esse crápula pode acrescer a tétrica atmosfera
que ronda Brasília, assim como à República Brasileira. Pode-se ter uma idéia
a começar pela reação dos parlamentares. Deputados e Senadores estão
assombrados. Na semana passada, quando a Polícia Federal adentrou no
Congresso para deter integrantes da Polícia Legislativa, o clima foi de
filme de terror. Cafajestes de colarinho branco “fazendo xixi nas calças”
sem saber o que de fato estava acontecendo. Eduardo Cunha vem bravateando
que escreverá dois livros que implodirá a república. Não creio que tenha
tempo de escrevê-los, mas tem capacidade e conteúdo para eles. Tratamos de
um sujeito ardiloso e intelectualizado, dessa vez, cria do PMDB, partido do
Presidente Michel Temer. Foi Cunha que capitaneou e promoveu a derrocada do
governo de Dilma Rousseff. Azar dela, sorte nossa. Em delação premiada,
Eduardo Cunha, com pouca criatividade, apenas contando com um acervo imenso
de dados cuidadosamente preparados para esse momento, de fato poderá
implodir a combalida República Brasileira. Receio que Michel Temer
(PMDB-SP), Renan Calheiros (PMDB-AL), Aluízio Nunes (PSDB-SP), Aécio Neves
(PSDB-MG) etc, poderão ficar em situação crítica. Vale a pena esperar para
ver. O Brasil resiste mais um round desse Inferno de Dante? Tem que
resistir! Não podemos deixar para trás nada. Em severa crítica a minha linha
editorial, ouvi de um parlamentar de esquerda de nossa região, que não
imagino o quão ruim será o PMDB e o PSDB unidos. Disse-me que iria me
arrepender de apoiar o “Golpe”. Em resposta pronta, disse a ele que não
tenho políticos de estimação, e se preciso for, implodiremos a república,
para depois reconstruir com dignidade, mesmo que leve 30 anos de muito
sacrifício. Da forma com que hoje está, não interessa ao bom povo
brasileiro. * Carlos Henrique Pellegrini é professor universitário e
Diretor de Gestão Empresarial e de Sucessão Familiar da Maxirecur
Consulting, pellegrini@maxirecur.com.br