O LEILÃO DE LIBRA

A oposição fala em “entreguismo”. Menciona que Dilma e Lula demoraram muito
tempo, mas de e uma só vez privatizou muito mais que Fernando Henrique
Cardoso em 8 anos de goveno. Como disse a presidenta Dilma, respondendo aos
protestos de entreguista, de nada adianta uma riqueza repousando no fundo do
mar sem recursos para explorá-la em proveito do bem-estar da Nação. O leilão
do campo de petróleo de Libra para além da discussão banal de privatização
de riquezas significou um passo e tanto no modelo de parceria
público-privada e, de quebra, trouxe esperanças concretas de novos
investimentos em áreas sociais, historicamente carentes de verbas. Entrando
em operação, Libra deve gerar quase R$ 300 bilhões para a educação e a
saúde, como está estabelecido nas regras de direcionamento de recursos do
pré-sal brasileiro. O regime de partilha do projeto foi bem estruturado e
deu margem para o surgimento de um consórcio vencedor bastante eclético, com
participantes nacionais e estrangeiros, estatais e privados. Assim, Libra
contará com a expertise não apenas da Petrobras e da recém-criada estatal
Pré-Sal Petróleo (PPSA), com poderes de fiscalizar e até de rever os
critérios técnicos de exploração. Terá também a anglo-holandesa Shell, a
francesa Total (já com ampla rede de postos pelo País) e as duas estatais
chinesas (CNPC e CNOOC), que representam uma entrada de gala, significativa,
de capitais orientais nesse setor do mercado interno. Na ponta do lápis é
possível dizer que, curiosamente, Libra vai estar muito mais nas mãos do
Estado do que se imagina. Senão, vejamos: a União segue controladora de
quase 42% do óleo extraído. A Petrobras ficará com 40%. E, apesar de essa
totalização ser bem superior à dos estrangeiros, caberá a eles a missão de
injetar boa parte do capital necessário à empreitada, algo como US$ 400
bilhões. Com perdão do trocadilho, um negócio da China para os brasileiros!
A simples decolagem desse que é o mais esperado projeto de investimento dos
últimos anos – e considerado por especialistas globais como “o mais
importante negócio do petróleo jamais visto” – traz extraordinárias
perspectivas de desenvolvimento. O Brasil, com o pré-sal, pode sim almejar,
em curto espaço de tempo, um lugar no clube dos mais ricos, como país de
Primeiro Mundo. Não apenas porque são imensas as jazidas, com promessa de
dividendos bilionários, como também porque o modelo condicionou um inédito
direcionamento de lucros para promover o resgate social. Difícil apontar o
final dessa história. Caso dê certo vai ser extraordinário, caso dê errado,
será uma tragédia para o País. Creio que a Petrobrás e o governo Federal
devam saber o que fazem. Esperemos com otimismo.