Na entrega do Oscar, a atriz Patricia Arquette, agraciada com o prêmio de melhor atriz coadjuvante, aproveitou a audiência mundial do evento para protestar contra a discriminação das mulheres na indústria cinematográfica norte-americana.
É significativo que uma estrela do seu porte, que atua no ramo do entretenimento, considerado um dos mais liberais, no país líder no setor, tenha razões para fazer essa denúncia.
De fato, embora as conquistas femininas nos últimos cem anos tenham contribuído para mudar as relações humanas, até então sujeitas ao domínio masculino, mesmo em países avançados ainda há muito a ser feito para lograrmos a igualdade, tanto de direitos quanto de tratamento, entre homens e mulheres.
Em nosso País, que tem como uma das razões do seu atraso, como menciono em meu livro, “Coisa de paulista”, a persistência de uma visão arcaica, fora de sintonia com o mundo atual, há ainda mais a ser feito.
Um indicador desse quadro é a violência doméstica. Há regiões com índices alarmantes de maus tratos e de mortes de pessoas do sexo feminino, na maioria das vezes praticados por familiares. Não por outra razão que o Congresso aprovou recentemente legislação que torna crime hediondo o assassinato de mulheres.
Daí a importância da existência de um dia internacionalmente dedicado à causa feminina. Serve para reavivar a discussão, para não nos esquecermos ou então deixar que se perca, como parte da paisagem cotidiana, o que não pode esmorecer e precisa continuar avançando.
Serve ainda para nos lembrar que a luta das mulheres é uma luta de todos, de mulheres e de homens, que trabalham pela construção de um mundo mais justo e solidário, no qual consigamos eliminar cada vez mais o sofrimento desnecessário, fruto de tabus envelhecidos e costumes ultrapassados, sem nenhum sentido em uma sociedade livre e moderna.