Mais vergonha, por favor!

Brasil sabe que precisa ter vergonha na cara. Que o Estado precisa ser um indutor da iniciativa privada, não o tutor da comunidade. O paternalismo é algo que impede de crescer. A urgência é dar educação, fazer pensar, estimular a criatividade e inocular brio para as consciências anestesiadas.

Estes dias recebi mensagem com aquilo que a filósofa russo-americana Ayn Rand, judia que fugiu da Revolução Russa e chegou aos EUA na década de 1920, disse e que é válido quase um século depois: “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores;

Quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”. Isso faz pensar.

Mas não é necessário sair do Brasil e de sua cultura para ter consciência de que tudo já foi melhor e poderia ser muito melhor do que hoje. Há pouco se recordava o grande Darcy Ribeiro, que faria 90 anos em 2012. Ele escreveu um dia: “Fracassei em tudo que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças, não consegui. Tentei uma universidade séria, não consegui. Mas meus fracassos são minhas vitórias. Detestaria estar no lugar de quem me venceu”.

Tantos outros brasileiros se empenharam num projeto de transformação do Brasil: D. Helder Câmara, Irmã Dulce, Chico Mendes, Santiago Dantas, Franco Montoro. Não faltam vultos pátrios que mereceriam ser lembrados, cultuados e seguidos. Nada obstante, prepondera o culto à vaidade, a tática das homenagens, o servilismo ao mandante de plantão, o desfile dos desvertebrados em busca das migalhas do banquete oficial. É aí que dá vontade de conclamar aqueles que ainda não perderam a lucidez, para formar um bloco a clamar por Mais vergonha, meu Brasil!