A mezinha mineira

Em 2002, quando Aécio Neves foi eleito governador de Minas Gerais, o segundo estado mais populoso do Brasil estava à beira da falência.

Apresentava um déficit de quase 1 bilhão de reais e havia declarado moratória, fato que levara a uma grande desvalorização da moeda brasileira.

O neto de Tancredo Neves convocou um time de gerentes profissionais, sob a batuta do acadêmico Antonio Anastasia, e, sob o seu governo e o codinome choque gerencial, aumentou a arrecadação de impostos, aprimorou o sistema de compras do estado e reduziu drasticamente os custos.

As 21 secretarias foram encolhidas pra 15 e a folha salarial enxugada em 45% via contenção de aumentos e mantimento das vagas, que chegaram a 3.000 em seu governo.

Livrando-se do déficit, Aécio ganhou um segundo mandato e, ao sair para o Senado em 2010, elegeu o novato Anastasia com quase o dobro de votos do segundo colocado, o veterano Hélio Costa.

Os empresários consideram Minas o estado melhor administrado do país, segundo recente pesquisa da consultora Macroplan, e os níveis de pobreza têm caído mais rapidamente do que a média nacional.

O estado tem a melhor avaliação nas suas escolas e é o quarto na saúde.

Seu sistema de pagamento ao funcionalismo – baseado no desempenho – que valoriza a equipe mais que o indivíduo, tem sido considerado modelo pelo World Bank.

Todas as escolas estaduais são obrigadas a exibir nas portas seus (bons) resultados nos testes de avaliação nacional (Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM) e têm envolvido os pais na prestação de contas em relação aos planos pra melhorar os serviços que oferecem aos alunos.

Nos últimos 10 anos, os mineiros se acostumaram com a expectativa e a noção de que merecem melhor serviço da administração pública pelos impostos que pagam.

Assim, o senador-candidato Aécio Neves representa hoje uma grande ameaça à reeleição de Dilma Rousseff, e a troca de farpas têm sido intensa.

De um lado, torna-se cada vez mais complicado, à meia-luz do pífio crescimento e das expectativas de inflação e desemprego crescentes, o governo federal continuar financiando sua demagogia em relação aos pobres; de outro, a imagem elitista do PSDB, bem como a ainda pequena projeção nacional de seu candidato Aécio, faz embaçar bastante a bola de cristal e dificulta o prognóstico.

A mineira Dilma, antes de fugir das minas gerais para os pampas gauchos – e da ditadura que, a julgar pelo que diz, só por aquelas minas ainda vigia – acompanhando o companheiro Carlos Araújo, precursor do companheiro Lula, cresce em popularidade junto aos eleitores no estado da pobreza – o de maior população! – hoje mais ricos de esperança, mas não de arbítrio.

No final, esse é o estado que conta, independentemente da geografia política…