A inflação desorganiza toda a economia de um país, propiciando ganhos inflacionários para determinados setores da atividade econômica e agentes da sociedade, perdas, que chamamos, em parte, de “imposto inflacionário”, para muitos outros setores da economia e milhares de trabalhadores e suas famílias.
A massa de salários, sempre corre atrás da inflação e, lamentavelmente, é um fato que ocorre em todo o mundo. Se andar na frente da inflação, portanto de forma antecipativa, provoca um pouco mais de aumento nos custos de produção e inflação.
As perdas sofridas por um grande número de empresas, em decorrência da inflação e da desorganização dos fluxos de oferta e procura de mercadorias e serviços, provocam a descapitalização dessas empresas e aumentam os níveis de inadimplência.
Os Bancos Centrais, para combater a inflação, sobem as taxas básicas de juros. No Brasil, a Selic, provocando aumento do custo do dinheiro no mercado financeiro. A percepção de maior risco, pelos Bancos, em função do aumento da inadimplência, provoca ainda mais o recrudescimento dos juros no mercado.
O aumento dos juros provoca o “entesouramento” da poupança no “mercado financeiro” que, consequentemente, deixa de circular na economia, travando, como todo o restante, a queda de ritmo da economia e, se aprofundado esse processo – a recessão econômica e estagflação.
A inflação quase que, inevitavelmente, provoca alterações na taxa de câmbio. Com juros internos mais altos e, possivelmente, com tendência de alta, a perspectiva é de queda na taxa de câmbio, com a atração de poupança externa para o mercado financeiro nacional, isso com juros internos maiores que os externos, aumentando assim a oferta de divisas no País, em níveis maiores que a demanda interna.
A decorrente valorização da moeda nacional, frente a estrangeira, torna o produto nacional mais caro para os estrangeiros, e os produtos do exterior mais baratos no país, que tende a adotar o câmbio como a “âncora cambial”, para importar mais barato e segurar a inflação, mas exporta menos e passa a ter déficit em Transações Correntes, no Balanço de Pagamentos com o exterior.
As pessoas físicas e jurídicas detentoras de dívidas atreladas a indicadores que medem a inflação, vivem um verdadeiro inferno astral, porque suas receitas e ou resultados de seus negócios necessariamente não evoluem, isso quando não se reduzem, enquanto
que suas dívidas crescem e seus dispêndios mensais tornam maiores. Passam, inevitavelmente, para uma tendência a caminharem para a inadimplência.
Nessas circunstâncias, um grande desafio para as Empresas é como elaborarem seus Planejamentos Estratégicos que, via de regra, contemplam vários anos à frente; como elaborarem seus budgets (orçamentos) anuais: com que crescimento de vendas e receitas; como evoluirão suas despesas, como energia, mão-de-obra, matérias-primas, combustíveis, transportes e outros insumos básicos? É, efetivamente, uma tarefa muito difícil, principalmente nos Países em Desenvolvimento, nos quais os preços e os negócios são mais voláteis.
O Setor Público, com a inflação, enfrenta também grandes desafios: É certo que suas despesas de “custeio” crescerão, vis a vis a inflação; não é certo que suas receitas tenham o mesmo curso, isso porque, se a aplicação das alíquotas dos impostos sobre bens e serviços com preços maiores, tendem a aumentar suas receitas, o contrário, também pode ocorrer com a queda na arrecadação, decorrente da baixa na atividade econômica,
Difícil projeção, afinal qual será o efeito no orçamento?
O que acontece, como vemos no Brasil, é que os resultados dos orçamentos mensais sempre trazem números que, às vezes, provocam surpresas até mesmo para as Autoridades Econômicas.
Messias Mercadante de Castro é professor de Economia na Unianchieta e Consultor de Empresas.