A vitória é o desejo de vencer.” Mahatma Gandhi
No início dos anos 1980, o economista inglês John Williamson cunhou o termo “Consenso de Washington”;, um conjunto de políticas neoliberais articuladas que, ao mesmo tempo que defendiam um maior grau de abertura das economias ao comércio mundial, com redução de tarifas de importações e abertura comercial, conclamavam os países para uma política fiscal mais controlada e austera, com a privatização de Empresas Estatais, como condicionantes para um processo de crescimento econômico sustentável.
Foi, de certa forma, uma ideia revolucionária para a época e nada fácil de ser implementada pelos países em desenvolvimento, com menor vantagem comparativa no comércio internacional.
Outro gargalo estrangulador, ainda para os países em desenvolvimento, se situava na “Saída do Estado” das economias, com as privatizações de empresas estatais que, naturalmente, dependiam de leis, processos burocráticos e de investidores dispostos a investir nos países e em suas estatais.
Esse Consenso, que defendia maior interdependência e complementariedade através do comércio mundial, tinha como arquitetura articulada a ampliação da globalização dos países.
Não obstante as dificuldades, muito se avançou no comércio mundial nessas quatro décadas e também na questão fiscal e gestão pública, com cortes de gastos sociais.
O Consenso de Williamson, de menor participação do “Estado” na economia, difere das ideias centrais do “Keynesianismo de 1929/1930, de John Maynard Keynes, que defendiam que, diante das circunstâncias da grande depressão econômica mundial e desemprego global, com a quebra das Bolsas de Valores, Instituições Financeiras e empresas, em todo o mundo, os “Estados” deveriam investir fortemente em saneamento básico e infraestrutura, de forma a iniciar a recuperação da atividade econômica mundial e os empregos. Foi o que aconteceu e, como legado, maior endividamento dos países.
Temos atualmente um tempo novo, mas não tão novo.
Segundo Martin Sandbu, comentarista de economia europeia do “Financial Times”, em artigo recente, afirmou que surgiu um novo “Consenso de Washington”, não igual a da versão dos anos 1980. O novo modelo estimula gastos de governos que tragam retornos, como na saúde e educação. Enfatiza, inclusive, que o Brasil, embora endividado, terá que se enquadrar nessa nova realidade.
Essa nova revolução que teve início em Washington com o Presidente americano, Joe Biden, vai investir na economia, quase seis trilhões de dólares para estimular o consumo, gerar empregos; renda; modernizar a infraestrutura e também em avanços tecnológicos estratégicos para o país. É um novo consenso, apenas um pouco diferente das ideias centrais de Keynes. As evidências das ações econômicas contemporâneas demonstram, com certa frequência, que ideias e ações pensadas e praticadas no passado, são retomadas no presente, para a recuperação das economias, principalmente através das relações econômicas internacionais.
Vale, todavia, lembrar que, pressupostos sustentáveis do Processo de Globalização das Economias no “Consenso dos anos 80”, como a privatização de estatais, vem sendo implementados pelos países, de forma crescente, produzindo resultados significativos para o equilíbrio fiscal em seus orçamentos.
O Brasil vem avançando nessas ações e concretizou com muito sucesso, nesse primeiro quadrimestre, as concessões de vinte e dois aeroportos, uma ferrovia, ligando o interior da Bahia ao Porto de Ilhéus (FIOL, uma rodovia de 350 km, ligando o Estado de Goiás ao Pará, três terminais portuários e a concessão da empresa estatal, responsável pelos serviços de coleta e tratamento de esgoto sanitário e água do Estado do Rio de Janeiro, a CEDAE. A soma dos bônus nessas operações importou a arrecadação de cerca de R$ 30 bilhões em outorgas.
Na mesma direção, São Paulo colocará vinte e dois aeroportos em leilão, com a previsão de novas rotas regionais. O leilão está marcado para julho próximo.
Com essas concessões, o Brasil caminha para a melhoria significativa da saúde pública, com os investimentos garantidos pela iniciativa privada em
saneamento básico; processa a desoneração fiscal e vai viabilizando, com a melhoria e o avanço da infraestrutura nacional, um significativo ambiente para o desenvolvimento econômico sustentável.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia na Unianchieta e Consultor de Empresas.