OS DESARRANJOS NA ECONOMIA BRASILEIRA

Com uma alta real na receita de 9,84 % em março, bem robusta, porém considerando que em fevereiro passado, a alta tenha sido de 18,0 %, o Governo e o mercado, projetam quedas e ou crescimento menores daqui para frente, indicando que o equilíbrio fiscal projetado pelo Governo para este ano, (resultado primário, sem os juros sobre a dívida interna), dificilmente ocorrerá.

Na condição de analista econômico, corroboro com essa análise, considerando inclusive que em 2023, o resultado primário registrou um déficit de R$ 248 bilhões. E, mais, as projeções orçamentárias para os anos de 2025 e 2026, que preveem superávits primário entre 0,25 % e 0,5 % do PIB – Produto Interno Bruto, também não deverão ocorrer.

Na realidade, as medidas implementadas pelo Governo para aumentar a arrecadação estão se esgotando e, como ajustes pelo lado das “despesas” não foram feitos, somente poderá ocorrer melhoras, através de ações sobre incentivos tributários; renúncias fiscais e subsídios. Questões sensíveis, pois interferem nos setores empresariais, de forma a não desestimular a atividade econômica e o emprego no País.

Outro fator relevante, como vimos, o dólar subiu para R$ 5,12, com efeitos negativos para a economia brasileira. É que a inflação nos Estados Unidos vem acelerando e o Presidente do Banco Central Americano (Federal Reserve), Jerome Powell, já anunciou que a redução da taxa de juros por lá, hoje de 5,25 % a 5,50 % ao ano, somente poderá iniciar um ciclo de quedas no segundo semestre.

Nada positivo para o Brasil, pois o COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central, poderá ser mais conservador e reduzir em menor percentual a Taxa Selic que, no patamar atual, já bastante alta, vem inibindo investimentos e retardando a modernidade do parque produtivo nacional.

Esse conjunto de fatos, torna-se preocupante, dados os seus reflexos na dívida interna que, em 2023, atingiu 87,0 % do PIB – Produto Interno Bruto, percentual muito elevado para a economia de um País emergente que, a cada ano que passa, tem menos recursos para os investimentos necessários em saúde, educação e infraestrutura e, como necessário, de que forma gerar recursos para investir na “economia verde”.

Relendo o livro de Stephens S. Cohen e J. Bradford Delong – “O Fim da Influência”, que aborda como fica o mundo quando o dinheiro muda de mãos, os autores retratam fatos da economia americana; da Grã-Bretanha; Europa Ocidental, após a segunda guerra mundial até os anos 70.

Em paralelo, do ponto de vista pessoal, analisando um fato econômico mundial, detectamos com um crescente número de milionários e uma massa crescente de pobres em todo o mundo. O dinheiro vem mudando de mãos em uma direção inversa dos pobres para os ricos.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas.