Pelas medidas tomadas o governo já sinalizou que tem consciência da magnitude da crise mundial e do que ainda está para chegar aqui.
Tomou uma série de medidas de estímulo, mas todas elas visando incentivar o consumo e dirigidas principalmente para um setor específico, a indústria automobilística, que apresentava (e continua) os pátios lotados e ameaçava parar a produção.
Na verdade um replay do que aconteceu em 2008, no início da crise, ocasião em que o governo conseguiu aparentemente resolver o problema. Porém hoje as coisas mudaram, além das mesmas medidas terem surtido um efeito aquém do esperado, em pouco tempo já demostram que começaram a perder força. O consumidor está demasiadamente endividado atualmente, consequência ainda desse primeiro estímulo ao consumo.
Esses fatos demonstram que os problemas que vivemos hoje têm suas origens na atual crise da Europa e Estados Unidos, mas também em alguns descuidos do passado.
A avalanche de entrada de dólares no final do primeiro e no segundo mandatos Lula em função das altas taxas de juros internos que destoavam do resto do mundo, de fato impulsionou nossa atividade econômica e consequentemente descuidou-se dos investimentos, acreditando-se que o maná que caia do céu era milagre, e não a entrada de ativos em busca unicamente de juros mais atrativos e, portanto extremamente voláteis.
A desindustrialização que presenciamos hoje não é um fenômeno que se instituiu abruptamente e nem começou ontem. É resultado da falta de infraestrutura no setor, da elevada carga tributária, da falta de competitividade com as importações, entre outras. E hoje fica evidente que o atraso nos investimentos se tornou o grande problema para enfrentarmos a crise, e não perdemos posição no mercado internacional.
A economista Sílvia Matos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) demonstrou que a queda na produtividade reduziu em 2/3 o crescimento no Brasil em 2011, ou seja, 4,7% comparada com os 10% do segundo governo Lula. E segundo a economista os indicadores projetam crescimento de 0% dos investimentos em 2012 (O Estado de São Paulo).
As repercussões do resultado decepcionante do PIB no primeiro trimestre desse ano de 0,2% ainda continuam rendendo especulações aqui e fora do país, sendo que muitos analistas preferem apostar em um PIB de 2,0% para 2012.
Destaque-se que a demanda por nossas commodities (aço, petróleo cru e soja) diminuiu, principalmente pela China, nossa principal parceira comercial.
O Brasil importa hoje feijão-preto da China, não obstante os impostos, o produto sai aqui 20% mais barato que o brasileiro.