OS NÚMEROS DO BRASIL

O crescimento do PIB – Produto Interno Bruto, divulgado pelo IBGE, de 2021 em 4,6%, nos revela aspectos interessantes da economia brasileira que, ao analisá-los, podemos ter uma melhor visão de tendências para este ano, salvo os efeitos ainda não totalmente conhecidos da guerra na Ucrânia, sobre a economia mundial e brasileira.

O desempenho do agronegócio foi negativo em 0,2%; a indústria cresceu 4,5% e o setor de serviços, cresceu 4,7%.

O setor terciário – comércio e serviços, responde por cerca de 70% do PIB; o setor secundário, que comporta toda a atividade industrial, com cerca de 20% é o setor primário – com a agricultura, pecuária, explorações florestais e minerais, a caça e a pesca, com cerca de 10%.

É importante destacar a evolução que tivemos na taxa de investimentos, que oscilava em torno de 15% a 17% do PIB e, no ano passado atingiu 19,2%, a maior desde 2014.

Sem investimentos não há modernização tecnológica de um país; evolução em sua infraestrutura e crescimento econômico sustentável. Foi um salto muito representativo.

Estamos tratando do conjunto de investimentos: Público mais Privado.

Os setores de serviços e indústria, que tiveram desempenhos favoráveis, são os responsáveis pela maior ou quase totalidade do aumento da oferta de empregos e, neste início de 2022, continuam, com todas as dificuldades do mercado, com funcionalidades positivas.

No setor industrial, deve-se destacar a evolução do segmento de máquinas e equipamentos – bens de capital, que teve bom crescimento e é um setor representativo na aplicação e evolução tecnológica do País.

O consumo das famílias, em meio à Pandemia do Covid-19 e sua variável ômicron; a inflação mais elevada; juros mais altos e; embora com melhoras, mas, ainda assim, elevado o nível de desemprego, teve um baixo desempenho.

Ajudou a evolução da nossa economia o setor externo, que obtivemos um superávit na Balança Comercial de US$ 54 bilhões.

Em meio às águas de março, ainda não fechando o verão como na música de Tom Jobim, estamos convivendo em nosso país com o feliz fato do arrefecimento gradativo, mas decrescente da pandemia com a variável ômicron. Todavia, como nada é perfeito nesse mundo, estamos convivendo com o horror da guerra no Leste Europeu, com um inimaginável sofrimento do povo ucraniano.

Os efeitos da guerra da Rússia com a Ucrânia, já começam a produzir efeitos negativos na economia mundial e também na brasileira.

O aumento do preço do barril do petróleo que já ultrapassou a marca de US$ 135,00 e, também do gás, vem provocando aumento dos combustíveis em todo o mundo e inflacionando as economias. Sobem também o trigo, soja, milho, minério de ferro e falta de potássio e fertilizantes, aqui e em outros países. Não se pode projetar os níveis de inflação no mundo, o que sabemos é que a inflação aumentará em todos os países e que os Bancos Centrais, como consequência, aumentarão as taxas básicas de juros e o mundo crescerá menos.

A instabilidade no Leste Europeu vem propiciando um aumento dos investimentos estrangeiros no Brasil, o que tem provocado a queda do dólar que já oscila próximo de US$ 1,00 = R$ 5,00, o que é bom para as importações e para as nossas dívidas em dólares, dos setores Público e Privado e provoca uma queda no preço em reais dos importados.

Quando temos uma projeção de safra de grãos de 268 milhões de toneladas para este ano, é muito preocupante a decisão de Vladimir Putin, da Rússia, de paralisar, temporariamente, as exportações de fertilizantes. Cerca de 30% do nosso consumo vem daquele País.

No espaço aéreo da Europa Ocidental, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, está proibido o tráfego de aeronaves russas. Na Rússia os cartões de débito e crédito, Visa e Mastercad, não estão funcionando; os bancos no país estão com poucos recursos e o Comércio Exterior está paralisado. A Ucrânia dilacerada pela guerra.

Uma guerra insana que provoca sofrimentos, horror, destruições, mortes de pessoas inocentes que não se conhecem e indefinições e incertezas de como será o amanhã para o mundo.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia no Unianchieta, membro do Conselho de Administração da DAE SA e Consultor de Empresa.