Patamares de Merton

Estive muito atento aos centenários a serem celebrados neste 2015. Pois em novembro, meu pai faria 100 anos. Faleceu aos 76. A mãe de meu cunhado, José Eduardo Martins, teve mais sorte. Tudo indica fará 100 anos em setembro D.Yolanda Pierrucini Martins, que educou legiões de jundiaienses como professora pública primária.
Mas na lista dos centenários está o Desembargador Young da Costa Manso, meu padrinho na Magistratura e que também foi Presidente do Tribunal de Justiça, além de tantos outros que tentarei reverenciar no decorrer do ano e neste espaço. Hoje vou falar de Thomas Merton, estudante rebelde da Universidade de Columbia, em Nova York, aos 23 convertido à Igreja Católica e, a partir daí, uma referência na escrita monástica e espiritual do século XX.

Tornou-se monge na Abadia Trapista de Nossa Senhora do Gethsemani, em Kentucky. Mas antes já escrevera diários pessoais, romances e poesias. Dentro do claustro escreveu uma autobiografia: “A Montanha dos Sete Patamares”, best-seller mundial desde seu lançamento em 1948. Publicou mais de 30 livros, como “Novas Sementes de Contemplação”, “O Sinal de Jonas”, “Homem Algum é uma Ilha”, “Na Liberdade da Solidão”, “Místicos e Mestres Zen”, “A Via de Chuang Tzu” e “O Diário da Ásia”.

Ele ensina como levar uma vida religiosa autêntica e pessoal em uma sociedade secularizada. A leitura é agradável e evidencia a possibilidade de se viver em paz, cultivando a não-violência, a justiça social e o dialogo permanente com todas as tradições religiosas, projeto que está ao alcance de qualquer pessoa que realmente queira vivenciar um outro status na balbúrdia de uma sociedade sem rumo.

Morreu em 1968, mas sua lição de vida é atualíssima. Quantas pessoas não encontram razão para viver, alimentam o desalento, se desencantam com o próximo e com a existência. Para estas e para aquelas que já encontraram esperança na trajetória rápida e frágil por este Planeta, faz bem reler Thomas Merton. Viveu recluso, mas nada do que se passava no mundo deixou de merecer a sua atenta e serena observação.

Abeberemo-nos dessa fonte e aprendamos com ele a cultivar a paciência e a tolerância, mesmo que isso pareça impossível.