Quando fui solicitado a fazer uma terceira edição do meu livro “Ética Ambiental”, incluí um capítulo que chamei “Péssimas ambientais”. Como o nome diz, é o rol de más notícias em relação ao meio ambiente. Ao lado dele, tentei esboçar um “Nem tudo está perdido”, para mostrar as boas novas ecológicas. Mas estas perdem de lavada.
Hoje, uma quarta edição teria o nome “Péssimas Ambientais Intensificadas”, pois a humanidade não aprende a se comportar. Basta atentar para o que se noticia recentemente. A emissão de gases de efeito estufa aumentou em São Paulo. A cidade não cumprirá a meta de reduzir em 30% suas emissões entre 2003 e 2012. Isso porque a frota de carros atingiu os níveis responsáveis pelo caos no trânsito que é a regra na insensatez metropolitana.
Para piorar, reduziu-se o uso do etanol, para o mercado se servir da péssima gasolina, com enxofre acima do tolerável, fornecido pela nossa campeã do combustível. Quase metade das cidades não fiscaliza a qualidade da água. Só 28% têm política de saneamento básico. 32,3% têm programa de coleta seletiva, o que significa que 42,7% não possuem projeto ou ação dessa estratégia imprescindível à redução dos níveis de poluição.
A política energética está equivocada há decênios. Planejamento falho, muita energia desperdiçada nas linhas de transmissão e potencial eólico e solar menosprezados. Não há a menor chance de sustentabilidade no setor. Não é por falta de advertência: procurem o que José Goldenberg vem falando há anos. É falaciosa a ideia de que a energia hidrelétrica é limpa.
Na realidade, é a que mais interessa à política, pois o vulto das edificações é tamanho, que os “caixa 2″ e a corrupção dificilmente vêm à tona. Por que será que o Nordeste registra a pior seca em 50 anos? 122 dos 184 municípios de Pernambuco vivem em estado de emergência. A estiagem afeta lá 1,2 milhão de pessoas.
As perdas se elevam a 370 mil hectares de lavoura de subsistência. Na Paraíba, 70% da população vive em situação de emergência. Mesmo assim, festeja-se o Brasil Grande, da Inclusão e do êxito em todas as políticas públicas. Daria para continuar o rosário das misérias. Deixemos para outra vez.