POLÍTICA DO “TROCA TROCA”

Já esperamos que os velhos políticos insistam em perdurar com a velha política do “troca troca”, mas não gostaria de crer que o atual governo ceda a bandalheira e o faça. Lógico, na política existe um nível aceitável de “troca troca”. Existe uma luta em curso, os novos agentes que crêem num País Republicano e democrata versus os velhos agentes acostumados com um País de alguns e de corporativistas. Nesse cenário entra em cena o governo Bolsonaro, cercado de “velhas raposas que não largam o osso”, lutando contra os que promovem os bons ventos das mudanças. Mas a verdade é que em outros campos há também resistência. Os governos Jucelino Kubischek e João Goulart eram acusados de corrupção. É possível até dizer que os oficiais da Aeronáutica que promoveram a Revolta de Aragarças achavam a corrupção intolerável e não entendiam por que os brasileiros não se indignavam. No período Goulart havia uma forte ligação entre sindicatos e governos. Movimentos independentes no setor só surgiram no fim da década de 1960, com as greves de Osasco e Contagem. Na época anterior à ditadura, como agora, as denúncias de corrupção pareciam ser apenas um contraponto oposicionista e figuram como um episódio lateral ao impulso desenvolvimentista de JK ao projeto de reformas de base de Goulart. O pensamento da esquerda é semelhante. Para ela, a floresta é o desenvolvimento com distribuição de renda. O projeto de desenvolvimento recheado de corrupção não é sustentável, porém venho percebendo que parte dos brasileiros acha que a corrupção é um preço que se paga ao desenvolvimento. Um setor da esquerda não somente acha isso, como confere uma qualidade especial ao desvio de dinheiro para causas políticas: “os fins justificando os meios”. É um problema deixar de se indignar com uma corrupção que mata, como na saúde e nos transportes, e aniquila sonhos, como na educação. Mas também é um problema indignar-se voltar para casa de mãos vazias. O Brasil não vai para os trilhos sem a Reforma Política. Já que nossa opção é a democracia, temos que ter uma base partidária sólida e não como está ai. Temos 32 partidos políticos e outros 75 em fase de aprovação no Tribunal Superior Eleitoral – TSE, manicômio, nenhum deles tem ideologia predominante, nem se quer militância
voltada a tal. Sem a reforma política continuaremos chafurdando no erro, no jeitinho brasileiro onde a “Lei de Gerson” impera.