POLÍTICOS MARGINAIS

Encostados na parede, espremidos e paralisados pelos intensos
jatos de lama, vão escapando do cerco moral e do que lhes resta de vergonha
na cara. Com a desfaçatez dos que aprenderam a afanar até de crianças, podem
apropriar-se do verso; “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. Só
que nesse caso, essa volta poderá ser bem por baixo, pelas regiões
subterrâneas do esgoto, dos falsos números e, sobretudo, das tenebrosas
transações eleitorais, com o objetivo exclusivo de continuar mantendo para
usufruto próprio a máquina do poder. Eles investem no cansaço do povo.
Cansaço das informações sobre tantas e tamanhas bandalheiras, cansaço de
assistir ao vivo um desfilar interminável de degradação pública, cansaço do
cinismo, cansaço dos acordos escrotos entre governo e oposição tão bem
preparados por pizzaiolos do Congresso, cansaço das argumentações mais
estapafúrdias, das justificativas mais desconexas, tendo em vista negar o
que é notório. Eles investem na ignorância do povo, acostumado às mudanças
de enredo das novelas, quando tudo fica mais divertido e atraente com
bandidos virando mocinhos e invertem o resultado da história. E desse jeito
eles criam novas esperanças e de novo enganam o povo. Eles investem no
boicote de informações de instituições comprometidas e no corporativismo de
departamentos governamentais e de empresas estatais, que deram abrigo às
mais escabrosas maracutaias perpetradas com o dinheiro suado dos
contribuintes. Eles acham, no fundo, que podem obter o máximo com o meio
preparo, o meio-crescimento econômico, o meio-raciocínio e, quando muito, a
meia-honestidade. Eles apostam na divisão dos empresários: os que escolhem o
crime, e os que tem idéias próprias de estadista, que buscam o patrimônio
cultural e moral das futuras gerações. Eles investem, antes de tudo, no
esquecimento e na impunidade. É como se sentissem no direito de reivindicar
uma generosa anistia por tudo o que roubaram da sociedade. Por que e para
que roubam tanto? Dizem que foi para uma ideologia, para uma utopia
político-doutrinária, para um “paraíso” social engendrado nas antiquadas
teorias do século 19, mas na verdade foi para simplesmente usufruir de bens
menores e medíocres, status consumista sem imaginação. Eles roubaram, enfim,
para ser medíocres. Em 2016 o povo terá a urna eleitoral como aliada.
Respondamos não reelegendo esses marginais.