Poluição dentro de casa

Todos reclamamos de poluição, mas nos descuidamos daquela que nós mesmos produzimos.

A sujeira começa dentro de casa. Tudo polui. Em nossas cidades, a pior contaminação é a do ar, cau­sada pelo tabagismo e pela poeira. A poluição dentro de casa é pior do que a poluição externa.

Ainda existe quem fume dentro de casa. Além de agravar a asma, o fumo causa câncer de pulmão.

Não adianta fumar na janela. Esta existe para o vento entrar, não para sair. Janela não é exaustor de fumaça.

Poeira é a mistura de matérias vivas e mortas dispersas pela casa. É formada por ácaros, fungos, fe­zes de insetos, restos de comida e de pele humana. Um grama de poeira tem até 20 mil ácaros. A insalubrida­de dos ambientes não afeta apenas o alérgico.

Alergia não tem idade para aparecer. Alguém nasce com predisposição genética e o péssimo am­biente doméstico acelera a contaminação.

Onde se hospedam os ácaros? Em sofás, corti­nas e aparelhos de ar-condicionado. Se o sol tem aces­so à casa, muitos dos micro-organismos não resistem. Mas há os inimigos ocultos, os quais desconhecemos: os compostos orgânicos voláteis como benzeno, to­lueno e formaldeído. São tóxicos e cancerígenos. São emitidos por móveis, equipamentos eletrônicos, tin­tas, produtos de limpeza e aerossóis.

A ventilação é inimiga da poluição. Embora se­jamos dependentes de produtos químicos, o melhor é investir no pano com água.

Quem não vive sem ar-condicionado precisa sa­ber que ele diminui a umidade do ar, resseca as muco­sas do nariz, da boca e da garganta.

Isso aumenta as chances de contrair infecções. Além disso, o aparelho de ar-condicionado espalha fungos e ácaros.

E os animais domésticos? Os pelos de cães e gatos têm proteínas que, inaladas, desencadeiam aler­gias e inflamações. A orientação é evitar que os bichos circulem dentro de casa. Mas quem resiste ao animal­zinho de estimação, que até dorme na cama com os donos?

Antes de vociferar contra a poluição externa, pense bem se a sua casa também não é uma fonte pro­dutora de sujeira e se a gente é, realmente, tão limpo e higienicamente correto como costumamos propalar.

Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 12/03/2017

JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.