Não são apenas as pessoas que se infeccionam e, quando têm escassa imunidade, tendem a perecer. As economias também podem ser acometidas de graves crises e chegar a um quadro de septicemia. É o que alguns realistas falam do Brasil em 2015.
A crise de infraestrutura resulta de uma constatação singela: a taxa de investimento não atinge 16% do PIB, a mais baixa em décadas. O ambiente fiscal está deteriorado e opaco, a gerar incerteza e insegurança. Mais da metade dos créditos advém dos Bancos Públicos. O custo do crédito é muito alto. Uma enormidade que inibe empreendimentos privados. A inflação foi manipulada, o que logo se perceberá.
O cenário tem prognóstico de medidas paliativas e antipáticas, próprias de um governo hiperativo e sem rumo. É o sistema que está errado. Mas nada indica venha a ser alterado. A Reforma Política não se fará por aqueles que restarão prejudicados por ela. Pode funcionar uma República de quase 40 partidos? Os governos são reféns das coligações e loteiam Ministérios e Secretarias, sem o que não haveria governabilidade.
É claro que nem tudo é terror. Houve queda da pobreza, mas a população não está inteiramente feliz. O brasileiro ainda ostenta renda média correspondente a 20% daquela do cidadão ianque. Paga um tributo elevado e tem um serviço público de péssima qualidade. É alvo de populismo, um discurso pobre calcado em promessas e visão ufanista de uma realidade que as pessoas experimentam de forma diversa, muito diferente daquilo que se apregoa.
O que fazer? Preparar-se para dias tenebrosos. Não haverá milagres, mas se o rumo vier a ser alterado – e não há outra alternativa – o povo experimentará sangue, suor e lágrimas. Estagnação, recessão, realinhamento de preços. Sem os investimentos estrangeiros que se assustam com o “custo Brasil”. Quem vai trazer dinheiro para um Brasil em que o passivo trabalhista, o passivo tributário, o passivo ambiental são permanentes e imprevisíveis?
A profissão do brasileiro é a esperança. Sua companhia de caminhada: a coragem. Sua convicção: Deus é brasileiro e tudo dará certo. E assim ele torra o décimo terceiro comprando o que nem sempre estaria na primeira lista das necessidades. Tomara que a Providência venha a suprir o que falta em juízo para os responsáveis pelo descalabro.