QUASE GOLPE DE ESTADO

Quase golpe de Estado a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para a chefia da Casa Civil do desgoverno de Dilma Rousseff. Sem sucesso
ainda pois as instituições da República são fortes e resistem a tal
articulação criminosa. Entendo que os brasileiros honestos, assim como tais
instituições, levaram uma bofetada. Sem falar da renúncia simbólica da
presidente Dilma de seu cargo. A presidente, sempre fantoche de Lula,
oficiou seu caráter serviu ao chefe petista. Fez de um investigado, suposto
criminoso, primeiro-ministro em um auto-parlamentarismo, onde o chefão terá
o poder que ela não tem mais, sem dizer na capacidade que nunca teve para
reverter o colapso geral desse desgoverno. Tudo indica que, pela forte
personalidade e pelo prestígio político de Lula e da ascendência que tem
sobre ela, estamos no mínimo diante de algo como um golpe político, pois sem
ter sido (re)eleito ele se afigura agora como presidente de fato, ainda mais
nesse cargo, pelo qual passa tudo o que é feito no Palácio do Planalto. Se
responsável só pela coordenação política, seria outra história.
Simultaneamente Dilma acoberta Lula em seu gabinete, concedendo-lhe foro
especial para que o caudilho tenha melhores condições de tentar se safar da
Justiça. O Brasil não pode ser governado por uma quadrilha. Não obstante uma
avalanche de liminares impedindo Lula de assumir um ministério, a última de
Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF), o caudilho em menos de
quinze minutos conseguiu confessar que não tem como se defender, menosprezou
todos juízes brasileiros, colocou a presidente de lado quase depondo-a,
questionou a idoneidade do STF e condenou-se a morrer abraçado com Dilma
Rousseff. Ademais, o quadro econômico exige medidas impopulares, às quais
Lula em geral é alérgico. Quase que só soube distribuir benesses a pretexto
de benefícios sociais, mas ao mesmo tempo sacrificando o crescimento
econômico por falta de mais investimentos públicos. E quando passou o bastão
à discípula Dilma, ela exagerou na dose e deu no que deu. Aos cidadãos
brasileiros, ofendidos por essa desavergonhada demonstração de desprezo pela
democracia, resta exercer nas ruas o direito de manifestação e pressionar o
Congresso e o Judiciário a não permitirem que o golpe se complete.